A Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), em coletiva de imprensa, realizada em ambiente virtual em 30 de setembro, divulgou os números referentes a agosto de 2020. Os resultados mostram aquecimento do mercado interno, com crescimento de 0,7% da receita líquida interna em 2020 em relação ao mesmo período do ano anterior, sendo que a evolução de julho a agosto de 2020 é de 2,4. Além disso esse indicador apresenta-se 16,5% superior ao computado no mesmo mês em 2019.
Outro ponto positivo foi a evolução do número de empregos, que retornou ao mesmo número pré-Covid-19, com 2,6 % de contratações sobre julho.
O gargalo, de acordo com José Velloso, presidente executivo da entidade, segue sendo as vendas para o mercado externo, que registra perdas de -28,3% no ano. No entanto, “em linha com a projeção da ABIMAQ, os resultados de agosto confirmaram a normalização das atividades produtivas do setor de máquinas e equipamentos, com a receita total do setor tendo somado R$ 12,5 bilhões, crescimento interanual de 4,4%, já descontado a inflação. Este foi o segundo resultado positivo desde março”, comemorou.
Maria Cristina Zanella – gerente do Departamento de Economia, Estatística e Competitividade da ABIMAQ (DEEC) – comentou que, “eEm termos absolutos, o setor de máquinas e equipamentos retornou ao mesmo patamar de faturamento mensal do ano passado (linha azul). Todavia, a sequência de retrações entre os meses de março e junho, ainda interferem no resultado acumulado. Até agosto, a receita total encolheu 3,4%”.
Desse modo, “o forte impacto da Covid-19 no setor de máquinas tem sido diluído ao longo dos meses. O mercado interno é o responsável pela recomposição das receitas no segundo semestre do ano”, reforça Velloso, explicando que “as vendas internas cresceram 16,5% em agosto, após avanço de 29,7% em julho, sempre na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Esses resultados reverteram a queda das receitas internas no acumulado do ano. Assim, entre janeiro e agosto, as vendas domésticas avançaram 0,7%”.
Esses números sinalizam que o setor de máquinas caminha para uma estabilidade próxima à observada no pré-pandemia. “Caso essa reorganização da atividade industrial ganhe força no País, será possível retomar a expectativa de investimentos em 2021”, garantiu Velloso.
Comércio internacional
Os números apresentados pela ABIMAQ demostram, por outro lado, que as receitas de exportação do setor de máquinas e equipamentos apresentaram forte queda pelo sexto mês consecutivo. Em agosto, as exportações em dólar retraíram 37,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado, após queda em julho (-33,3%) e junho (-35,6%). Dessa forma, as receitas de exportação encolheram 28,3% no acumulado entre janeiro e agosto de 2020.
A retomada do setor – informou Zanella – “tarda, em grande medida, devido à brusca queda das exportações. Mesmo com o câmbio desvalorizado, as vendas em valor são insuficientes para compensar a diminuição das vendas em volume para clientes externos. Esse tombo das exportações em dólar é o reflexo do fraco desempenho dos segmentos que compõem o setor de máquinas e equipamentos”.
Ainda que alguns segmentos apresentem crescimento na margem, como Máquinas para Consumo (+26,5%) e Máquinas para Construção Civil(+2,2%), “o resultado acumulado é trágico”, pontuou Velloso.
A longa sequência de resultados negativos desembocou na forte contração das receitas de exportação em quase todos os segmentos. Até agosto, a queda acumulada foi mais forte para Máquinas para logística e construção civil (- 43,6%), Máquinas para petróleo e energia renovável (-30,1%) e Máquinas para a indústria de base (-28,8%).
Máquinas para agricultura foi o único segmento a registrar crescimento este ano, ainda que modesto (+0,6%).
O menor volume de compras de máquinas e equipamentos, em virtude da paralização da produção industrial, mitigou a intensa penetração de máquinas que ocorrera nos últimos três anos, frisou Zanella, informando que, em agosto, as importações de máquinas e equipamentos recuaram 46,2% na comparação interanual, completando a quinta retração consecutive, levando as importações a encolherem 6,4% no acumulado do ano.
Carteira de pedidos e capacidade instalada
A pesquisa realizada da DEEC mostra, ainda, que o desempenho da atividade produtiva é também medida pelo nível de utilização da capacidade instalada (NUCI) da indústria.
Em agosto o nível de capacidade instalada da indústria de máquinas e equipamentos registrou 72,7%, queda de 4,1% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
A carteira de pedidos do setor permanece estável desde o início do ano. Em agosto, houve uma pequena variação em relação ao mês imediatamente anterior, de 9,1 para 9,4 semanas em média para atendimento.
Mesmo que o setor apresente aumento da receita líquida, o ritmo de produção ainda é lento e inferior àquele observado em 2019.
Empregos
A retomada das atividades produtivas ocasiona o natural retorno dos trabalhadores às empresas. O aumento no número de pessoal ocupado no setor de máquinas e equipamentos é outro indício da normalização das operações.
Em agosto o setor registrou 300,5 mil trabalhadores, mesmo patamar do ano passado. Este é o segundo mês que se nota a recomposição dos empregos perdidos com a pandemia, tendência a ser observada até o final do ano.
A tentativa de estabilizar a receita do setor de máquinas e equipamentos deverá refletir nos números do mercado de trabalho nos próximos meses.