Setor de máquinas e equipamentos segue crescendo

“Desde maio de 2020, o setor de máquinas está em crescimento constante. Não tem como não comemorar”, afirmou José Velloso, presidente executivo da  ABIMAQ, na apresentação de resultados do setor de máquinas e equipamentos em fevereiro à imprensa, em reunião virtual.

No período, a receita total do setor superou em 6,3% o resultado de janeiro de 2021 e em 18,0% o do mesmo período de 2020. Com isso, o primeiro bimestre no ano encerrou com crescimento de 27,4%. O resultado anualizado mostrou nova expansão, desta vez da ordem de 9,3%.

O mercado doméstico continua como o responsável pela melhora no desempenho em alguns dos setores fabricantes de máquinas e equipamentos.

Em fevereiro o crescimento da receita interna foi 6,2% na comparação com o mês de janeiro de 2021 e de 35,6% em relação a fevereiro de 2020.

Sem reduzir a importância dessa fase de crescimento, Velloso ressaltou que a base está 22% abaixo dos níveis de 2010 a 2013, mas já foi ainda mais inferior em 2020. Outro ponto destacado pelo presidente executivo da ABIMAQ tem relação com o nível  de investimento no Brasil, que é muito pequena, historicamente, e quando melhora o investimento, o reflexo é imediato.

“Há um desarranjo no comércio internacional. De uma forma  geral, não há  problema crônico no setor por falta de componentes, mas dificuldades pontuais.”, informou Velloso, explicando que essa situação favoreceu a produção  nacional:  “Usualmente, 55% dos componentes eram importados e 45% fabricados aqui. Agora, 56% são feitos aqui. Dessa forma, o consumo aparente subiu de 45% para 56%, o que é um movimento grande de nacionalização na indústria em geral”.

Pedro Estevão Bastos de Oliveira, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), falando sobre problemas com insumos, informou que “temos registrado  junto às indústrias  do setor atrasos de cronograma, mas não parada de produção, o que é importante em um mercado muito aquecido e que deve continuar assim o ano todo”.

Comércio internacional

As exportações mesmo tendo crescido sobre o mês de janeiro de 2020, registrou nova queda na comparação interanual (-20,3%), que refletiu em piora no desempenho anual (-12,4%). As exportações de máquinas e Equipamentos sentiram fortemente a redução do comércio global em razão da pandemia em 2020.

Após crescer 0,9% em dezembro, as exportações de máquinas recuaram 1,6% em janeiro de 2021 e 20,3% em fevereiro.

A queda mais forte de fevereiro anulou a recuperação observada nos últimos dois meses. O  resultado anualizado recuou novamente para 24,3%.

O comércio internacional vem ganhando ritmo junto à expansão da vacinação mundo a fora, indicando que o cenário para as exportações de máquinas poderá ser beneficiado, principalmente, se mantido o câmbio desvalorizado.

Entre os setores o desempenho das exportações ocorre de forma heterogênea. No mês de fevereiro, houve avanço das vendas ao exterior nos segmentos de máquinas: agrícolas (+66,9%); bens de consumo (+20,5%); infraestrutura e indústria de base (+17,4%); indústria de transformação (+15%); e logística e construção civil (+4,8%).

Por outro lado, as vendas externas registraram retração nos segmentos de petróleo e energia renovável (-25,3%) e de componentes para a indústria de BK (-4,9%)..

No primeiro bimestre do ano, o recorte por destino das exportações mostrou recuperação das vendas de máquinas para países da américa latina.

A China, que conseguiu superar a crise rapidamente, também registrou aumento nas aquisições de máquinas e equipamentos brasileiros. Por outro lado as exportações de máquinas para os EUA recuaram 8,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

Nesta mesma comparação, as vendas para os países da zona do euro, que ainda patinam no processo de recuperação em razão do recrudescimento da pandemia da Covid-19 recuaram 49,4%.

Importações – As importações que vinham registrando uma fraca recuperação voltaram a recuar nos últimos dois meses e mais fortemente durante o mês de fevereiro de 2021.

Fevereiro registrou queda de 8,9% na comparação com janeiro de 2021 e de 41,8% na comparação interanual. Este forte recuou na comparação interanual tem uma explicação adicional que é a base de comparação elevada pelos investimentos no setor de mineração. Em fevereiro de 2020 houve investimento importante em máquinas com origem nos Estados Unidos.

O desempenho das importações de máquinas por segmento é diverso, mas na ponta é predominantemente negativo.

Em fevereiro, apenas um segmento contribuiu na recuperação das importações petróleo e energia renovável (+201,4%).

Todos os demais segmentos registraram queda: infraestrutura e indústria de base (-11,4%); componentes (-16,6%); agricultura (-14,3%);   bens de consumo (-9,1%); máquinas para indústria de transformação (-6,7%); e logística e construção civil (-1,3%).

Entre as principais origens das importações, China, EUA e Alemanha comandam o ranking respectivamente.

No primeiro bimestre, as importações oriundas da China cresceram 36,3% e o país asiático retomou a posição de líder com 29,7% das compras totais de máquinas pelo Brasil.

Neste mesmo período, as compras oriundas dos EUA recuaram 75%, levando o país a ocupar a segunda posição

(15,1% de share).

No período janeiro a fevereiro, as importações da terceira colocada, Alemanha, recuaram 19,9%, enquanto máquinas da Itália cresceram 20,4% e o país passa a ocupar a quarta colocação no ranking, deixando o Japão na quinta posição.

Ainda que as receitas direcionadas para o mercado local tenham registrado desempenho positivo importante (+35,6%) a queda nas importações (-41,8%) comprometeu o resultado do consumo aparente do mês de fevereiro que recuou 11,2% na comparação interanual, anulando parte importante do crescimento observado no primeiro mês do ano.

Dólar – “Tudo indica que o real desvalorizado combinado agora com os elevados custos de fretes, tenham pesado na decisão de investir com máquinas estrangeiras”, informou Cristina Zanella, diretora do Departamento de Competitividade,  Economia e Estatística, da ABIMAQ, prevendo que no final  de 2021 a moeda  deverá estar na casa dos R$ 5,20.

Consumo aparente

No bimestre o consumo aparente registrou crescimento de 3,7% ante 24% observado em janeiro.

O produtor local, novamente ganhou espaço no market share nacional e agora ocupa 55,4% do consumo aparente de máquinas e equipamentos. No mesmo período de 2020 a participação era de apenas 40,1%.

A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de fevereiro utilizando 74,8% da sua capacidade instalada, estabilidade em relação ao mês de janeiro de 2021, mas crescimento de 1,2% sobre fevereiro de 2020, quando então o setor ocupava 73,9% da sua capacidade instalada.

A carteira de pedido, medida em número de semanas, registrou uma pequena queda na ponta (1,4%) mais se manteve 24,2% acima da observada em 2021.

Atualmente o setor conta com 11,4 semanas de carteira de pedidos.

Emprego

O quadro de pessoal da indústria brasileira de máquinas e equipamentos continua em expansão.

O mês de fevereiro de 2021 registrou o oitavo crescimento consecutivo no número de pessoas empregadas no setor.

A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de fevereiro com 337.725 pessoas empregadas diretamente.

Em relação ao mês de fevereiro de 2020, foram criados 32.326 postos de trabalho no setor nacional.