Ao longo da história, o homem sempre criou meios de melhorar suas condições de trabalho e a qualidade de sua produção. Desse modo, vários instrumentos primitivos podem ser considerados precursores das máquinas e dos equipamentos industriais, por mais que a Revolução Industrial seja tida como o marco zero.
A evolução das máquinas foi um processo contínuo, que foi se intensificando ao longo do tempo, em consonância com a evolução intelectual e o desenvolvimento de técnicas e tecnologias, que tornaram as máquinas mais eficientes, rápidas e sofisticadas.
Tomando a usinagem como exemplo, há relatos de rudimentos da atividade por volta do ano de 700 antes de Cristo, em que o homem já buscava moldar materiais brutos, principalmente os feitos de ferro. Provas arqueológicas e desenhos egípcios – alguns datados de 300 anos antes de Cristo – mostram que a siderurgia, que surgiu no século XVII, teve sua antecessora muitos anos antes.
No final do século XV, Leonardo da Vinci desenhou três máquinas: um torno; uma serra; e um sistema que usava um pedal para girar uma roda, que poderia ser anexado a diversos dispositivos.
Ainda na idade média e até meados do século XIX, havia os tornos de vara, utilizados por artesãos e que, por serem fáceis de montar, eram levados para os lugares onde houvesse a matéria-prima necessária para o trabalho. A necessidade de velocidade contínua de rotação levou ao desenvolvimento do torno de fuso, que necessitava de duas pessoas – ou mais – para ser utilizado e permitia a produção de objetos maiores e com materiais mais duros.
A transição dos séculos XIX para o XX trouxe inovações tecnológicas significativas que transformaram as máquinas pesadas utilizadas especialmente na indústria e na construção civil, dependentes da força humana ou animal, passassem por grande transformação graças à máquina a vapor, que ampliou significativamente a capacidade de trabalho de escavadeiras, guindastes, entre outras máquinas industriais, encontradas nos mais diversos segmentos da economia, como agropecuário, automobilístico, aeronáutico, mobiliário, construção civil, alimentação, vestuário etc.
Retomada
Os dados mais recentes divulgados pelo Departamento de Competitividade, Economia e Estatística da ABIMAQ, relativos a fevereiro de 2025, mostram recuperação da indústria de máquinas e equipamentos. A receita líquida registrou alta, atingindo R$ 22,9 bilhões.
Como explica Maria Cristina Zanella, gerente do DCEE, “esse resultado positivo teve como influência o melhor dinamismo do mercado local, sobretudo no que diz respeito à aquisição de bens seriados, e também o mercado externo. No primeiro bimestre o setor registrou crescimento de 16,9%, após três anos consecutivos de queda. Dentre os mercados compradores, observou-se melhora na demanda de máquinas para fabricação de bens de consumo, de máquinas para agricultura e de máquinas para construção civil.”
Outros números também são expressivos. Por exemplo, as exportações do setor, em fevereiro, totalizaram US$ 870 milhões, representando crescimento de 7,0% em relação a janeiro e 6,6% na comparação interanual. Por outro lado, as importações de máquinas e equipamentos encolheram em relação a janeiro de 2025 (-12,5%), mas mantiveram patamar historicamente elevado (US$ 2,4 bilhões).
Esses resultados também influenciam a capacidade produtiva. O resultado no segundo mês do ano foi o maior desde abril de 2023: a indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de fevereiro utilizando 77,2% da sua capacidade instalada.
O emprego é outro indicador importante: em fevereiro de 2025 houve incremento de cerca de 20 mil pessoas em comparação com o mesmo mês do ano anterior, totalizando mais de 407 mil colaboradores, aumento de 1,7% no comparativo mensal.
Nesse setor, o investimento em avanço tecnológico é permanente, comprovando a confiança das empresas no desenvolvimento do País.
Investimentos
Em pesquisa realizada entre 01 de dezembro de 2024 e 20 de janeiro de 2025, o DCEE detectou que, após anos consecutivos de quedas no nível de investimentos da indústria de máquinas e equipamentos, o setor anunciou que pretende investir R$ 8,35 bilhões, crescimento de 4,04% em relação ao investimento realizado em 2024 (R$ 8,03 bilhões).
“Para o ano de 2025, o cenário de desaceleração das atividades econômicas, reflexo da política monetária contracionista, poderia ser um fator de inibição dos investimentos do produtor de máquinas, mas não foi o que a pesquisa revelou. Anos seguidos de queda nos investimentos colocaram como necessidade prioritária a modernização tecnológica das empresas (38,2% da amostra)”, comenta Zanella, destacando que “um mercado em ascensão no longo prazo também contribui para a decisão de maior nível de investimentos em 2025. Quase 32% das empresas consultadas disseram que pretendem investir para ter sua capacidade industrial ampliada, sendo que 22% pretendem investir para substituir suas máquinas depreciadas.