Setores consumidores: perspectivas positivas, mas previdentes

Máquinas e equipamentos são soluções utilizadas por praticamente todos os segmentos e atividades da economia. Nesse sentido, as indústrias representadas pela ABIMAQ se fazem presentes em operações as mais diversas, contribuindo de modo substancial para a qualidade dos produtos consumidos e utilizados pela população em geral.

Sendo assim, os resultados dos demais setores afetam diretamente a atividade da indústria de bens de capital mecânico de máquinas e equipamentos, a exemplo de óleo e gás, construção civil, agropecuária, automotiva, transportes, alimentícia, limpeza, mineração, metalurgia, têxtil, ar-condicionado, refrigeração e saneamento entre outros.

No geral, para 2025, a expectativa é positiva em maior ou menor grau, da mesma forma que o ano de 2024, mesmo desafiador, registrou alguma evolução em diversos setores compradores de máquinas e equipamentos.

Indústria têxtil

Fernando Pimental, diretor Superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), ressalta a tradição do setor e a qualidade da produção brasileira de algodão de fibra média – responsável pelo posicionamento do Brasil entre os cinco principais produtores e como maior exportador –, e lembra as consequências da importação de roupas, responsável por quedas significativas no preço das confeccionadas pela indústria nacional, entre outras dificuldades enfrentadas pelas empresas têxteis e de confecção.

Para essa indústria – que consome equipamentos e componentes das indústrias representadas pela ABIMAQ, apesar de importar 80% das máquinas utilizadas –, 2024 foi um ano de crescimento “acima do PIB, com 4,8% para indústria têxtil e de confecção e 3% para o varejo, mostrando-se estável em relação ao mesmo período anterior, inclusive com relação às exportações”, fala Pimentel, prevendo para 2025 crescimento abaixo do PIB.

Citando levantamento realizado pela Abit com os empresários do setor, Pimental informa que, entre os entrevistados, 45% preveem crescimento moderado do mercado interno, entre 2,1% e 4%; e 8% acreditam em um aumento significativo das exportações. Investimentos também estão no horizonte, com 42% das empresas planejando aportar recursos moderadamente, priorizando maquinário, tecnologia e automação, e 31% focando na expansão da capacidade produtiva.

Agropecuária

A cadeia do agronegócio tem peso substantivo na aquisição de máquinas e equipamentos. No entanto, é profundamente afetada pelo cenário internacional, principalmente com relação a grãos, a principal commodity agrícola exportada pelo Brasil.

Como informa Pedro Estevão Bastos – vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), da ABIMAQ-, a seca severa na safra de verão 2023-2024 e toda a problemática climática, aliadas à queda de preços de soja e milho no mercado global, devido ao excesso da oferta mundial, e aos juros altos no País, algo em torno de 18% a 20%, reduziram a rentabilidade e, consequentemente, os investimentos, resultando em queda de 19,9% no faturamento do setor representado pela ABIMAQ, em 2024 quando comparado a 2023.

Em 2025, “o setor espera uma recuperação nas vendas em torno de 8%, o ambiente de negócios está um pouco melhor, estamos colhendo uma boa safra, os preços das commodities tiveram uma ligeira melhora. Estas boas notícias se materializam no valor bruto da produção calculado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, que indica um aumento de 11% em 2025, saltando de R$ 1,273 trilhão para R$ 1,413 trilhão”, avisa Bastos.

O vice-presidente da Abag, contudo, lamenta o fato de os juros seguirem em alta e soma a isso “o gargalo da infraestrutura de transporte que vem melhorando, mas numa velocidade inadequada. A armazenagem é uma deficiência grave que deve ter atenção e finalmente a conectividade que apesar de ter várias soluções tecnológicas disponíveis também avança numa velocidade inadequada.”

Alimentos

Representante da indústria de alimentos processados, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), através de seu presidente-executivo, João Dornellas, resume 2024 como “um ano desafiador, mas com resultados expressivos. O faturamento cresceu 9,98%, atingindo R$ 1,277 trilhão, representando 10,8% do PIB nacional. Em volume, a produção física cresceu 3,2%, enquanto as vendas reais avançaram 6,1%. Foram criados 72 mil postos diretos de trabalho e 288 mil indiretos em 2024. Hoje, a cadeia de alimentos representa 10% da população ocupada no Brasil.”

Esse desempenho positivo foi impulsionado por fatores como a expansão do PIB, que superou as previsões iniciais, ampliação da massa de renda da população ocupada em +6% e redução da taxa de desemprego, que atingiu 6,2% em dezembro de 2024, o menor nível dos últimos 12 anos. Os setores de maior crescimento foram o food service (+10,4%) e o varejo alimentar (+8,8%).
A essas informações Dornellas soma outra conquista representativa. Mesmo diante dos desafios comuns a todos os setores, as empresas representadas pela Abia levaram o Brasil a consolidar sua posição pelo terceiro ano consecutivo como maior exportador mundial de alimentos industrializados em volume. As exportações cresceram 6,6%, totalizando US$ 66,3 bilhões, e atenderam mais de 190 países, com destaque para China, EUA e Emirados

“O cenário para 2025 é de crescimento moderado. As projeções indicam aumento de 2% a 2,5% nas vendas reais e crescimento do PIB entre 1,8% e 2,2%. O setor deve gerar novos empregos, com expansão entre 1% e 1,5%. A expectativa para as exportações é de um volume entre US$ 68 bilhões e US$ 70 bilhões, alinhada à expectativa de expansão da economia mundial no patamar de 3%, segundo a OCDE”, prevê Dornellas, comentando como essencial a necessidade de as companhias investirem “em inovação e modernização, para que o setor mantenha sua relevância global, garantindo maior produtividade e competitividade em um mercado cada vez mais exigente. O compromisso com a inovação se reflete com a previsão de investimentos de R$ 120 bilhões para modernização e sustentabilidade, no período de 2023 a 2026.”

Em 2024, a indústria de alimentos – uma das principais consumidoras de máquinas e equipamentos, essenciais para produção, processamento e embalagem – investiu R$ 38,7 bilhões em 2024, sendo boa parte desse valor destinada à modernização de plantas industriais e à aquisição de máquinas e equipamentos, além da automação industrial, o que impulsiona a eficiência e a produtividade do setor.

Óleo e gás

Um primeiro semestre muito bom e um segundo tendo várias dificuldades, impulsionados pelos impactos na economia brasileira, com a desvalorização do real e algumas decisões realizadas pela Petrobrás em relação à principal matéria-prima, os óleos básicos, tornaram 2024 um ano muito conturbado e volátil. Esse é o resumo do Associação dos Produtores e Importadores de Lubrificantes (Simepetro), na ótica de seu diretor-presidente Nilson Morsch, dos motivos que levaram a perspectiva de crescimento de 4 % a 5 % se transformar em queda de 2 %.
“Com os impactos que tivemos em 2024, principalmente no segundo semestre, este ano (2025) temos esperança de que seja mais controlável e estável, porém temos um vilão que é a desvalorização da moeda nacional, que impacta diretamente as matérias-primas utilizadas na produção dos lubrificantes”, prevê Morsch.

Tendo como base a comunicação de investimentos para os próximos cinco anos por parte “das montadoras de veículos e de alguns governos estaduais, como o de São Paulo que já investiu bilhões de reais e para 2025 possui como objetivo atrair mais de R$ 50 bilhões”, o diretor-presidente do Simepetro, cita a importância da frota nacional “de mais de 120 milhões de veículos rodando e necessitando de troca de óleo para suas manutenções e a cada ano são mais 2,5 milhões de automóveis indo para as nossas ruas, ou seja, teremos sempre um crescimento mercadológico pulsante. Isso tudo se movimenta com óleos lubrificantes.”

Outro setor importante nesse universo do Simepetro é o de máquinas e equipamentos, porque “todos os equipamentos utilizados necessitam de óleos lubrificantes no enchimento inicial nas plantas produtivas e nas manutenções, e temos uma percepção que este mercado crescerá ainda mais pelos impactos como o agro e a construção, tendo resultados relevantes para os de lubrificantes.”

Por outro lado, para as empresas de bens e serviços de petróleo, as perspectivas são promissoras, principalmente devido ao plano da Petrobras, que “prevê investimentos 9% maiores no quinquênio 2025/29 do que no 2024/28. Portanto, a expectativa é de aumento dos negócios, uma vez que as associadas da AbesPetro são efetivamente as empresas que realizam as operações de Exploração e Produção de Óleo & Gás para as petroleiras”, declara Telmo Ghiorzi, presidente-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Bens e Serviços de Petróleo (AbesPetro).

Um dos desafios a ser vencido envolve “a exploração de novas fronteiras e, nesse sentido, a Margem Equatorial é bastante promissora e tem capacidade imensa de alavancar novos negócios no setor. Será um novo patamar da indústria brasileira, com maquinário para o qual temos know-how desenvolvido no parque industrial de Macaé, por conta das bacias de Campos e Santos”, complementa Ghiorzi, situando o setor como responsável por cerca de 70 mil empregos diretos e pela ativação de cerca de 500 mil profissionais que atuam nos elos subsequentes e compõem os empregos indiretos da cadeia produtiva do petróleo. Esse fenômeno deve-se principalmente aos investimentos da Petrobras, “a grande locomotiva e força-motriz do setor”, reconhece o presidente-executivo da AbesPetro, “pois, embora ela seja responsável por apenas 65% da produção, ela opera 90% do volume produzido.”

Além disso – garante Ghiorzi – “o segmento offshore de outras regiões não é tão concentrado como o brasileiro. Em nossa avaliação esta configuração é um ponto de preocupação. A AbesPetro defende há décadas que o Brasil tenha mais pluralidade de petroleiras operando no País.”

O presidente-executivo da AbesPetro reconhece: “O setor de máquinas e equipamentos é o cerne do desenvolvimento do E&P da indústria petrolífera. É precisamente o encadeamento entre todas as empresas que produzem as máquinas e equipamentos, de toda a cadeia produtiva, que viabiliza a existência e a pujança da indústria brasileira de petróleo. As competências da indústria brasileira foram acumuladas como resultado da atuação coordenada para superar os desafios e desenvolver inovações. O Brasil tem todos os ingredientes, as competências, os recursos para tornar-se um grande ator global na exportação de máquinas e equipamentos para o setor de petróleo.”

Autoveículos

Levantamento divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) sobre 2024 confirma que o ano foi excelente, com alta de 9,7% na produção de autoveículos na comparação com 2023, totalizando 2,550 milhões, levando o Brasil a retomar da Espanha o posto de oitavo maior produtor de veículos no período. “Nenhum grande mercado do mundo cresceu tanto quanto o brasileiro em 2024. Esse, aliás, foi o maior aumento no ritmo de vendas internas desde 2007”, assegura Márcio de Lima Leite, presidente dessa entidade.

O fato mais representativo de 2024 foi que a soma de vendas de novos e usados chegou à marca de 14,4 milhões de veículos leves vendidos, maior resultado na história do País. “Claramente, há uma demanda reprimida por transporte individual que vem sendo atendida de forma crescente, graças às melhores condições de crédito. Se essas condições melhorarem e se houver uma política de renovação de frota, mais pessoas poderão optar por veículos 0km”, afirmou Leite, informando que, no ano passado houve um aumento de 36% das concessões de crédito para financiamento de veículos novos e usados.

As exportações de dezembro confirmaram o forte viés de alta do segundo semestre. Ao todo, 398,5 mil autoveículos foram enviados para outros países. Já as importações tiveram o melhor período entre os últimos 10 anos, com 466,5 mil emplacamentos, alta de 33% impulsionada pela entrada maciça de eletrificados, em especial da China.

Comemorando também o desempenho do setor de máquinas de construção, que “após o recorde histórico de 2022 e a leve retração de 2023, teve as vendas no atacado elevadas em 22,4%, fechando com 37.148 unidades – segundo melhor ano do segmento no País”, Leite lembra que no segmento de máquinas agrícolas, após três anos de crescimento consistente no início desta década, o desempenho foi mais modesto pelo segundo ano seguido, com a venda “de 48,9 mil unidades no atacado representando recuo de quase 20% em relação a 2023.”

O presidente da Anfavea recomenda no que tange aos autoveículos que, em 2025, sejam reequilibrados “os volumes de exportações e importações, de forma a evitar um novo déficit na balança comercial, como ocorreu em 2024. Temos um imposto de importação muito baixo para elétricos e híbridos, o menor entre países que fabricam veículos, o que nos torna um alvo preferencial de empresas importadoras, em prejuízo de nosso parque industrial e dos nossos empregos.”

Com base nesses resultados, a Anfavea elaborou sua agenda prioritária para 2025, que, entre os sete pontos alinhados estão qualificar compras públicas de máquinas e veículos sem prejuízo à indústria local, ao emprego e à inovação; ampliar o mercado interno e a produção, retomando o patamar de 3 milhões de unidades vendidas até o próximo ano; criar uma política perene de renovação da frota com foco na sustentabilidade e na segurança; e priorizar o desenvolvimento e a produção de novas tecnologias no Brasil.

Especificamente para as máquinas da linha amarela, segundo o presidente, a Anfavea, para 2025, “projeta vendas de 38.200 unidades de máquinas de construção, leve alta de 3% no mercado interno. Para exportações, a expectativa é de enviar o mesmo volume para o exterior. No caso de máquinas agrícolas, a previsão é de manutenção dos volumes de 2024.”

No âmbito de implementos rodoviários, cujas empresas são representadas pela Associação Nacional Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), as perspectivas para 2025, de acordo com José Carlos Spricigo – presidente dessa associação – “a nossa expectativa é repetir o desempenho de 2024 ou apresentar um ligeiro crescimento. Isso significa 90 mil unidades de reboques e semirreboques e aproximadamente 75 mil carrocerias sobre chassis, já com exportações em torno de 3.700 unidades.”

Os resultados de 2024, em que pesem os desafios, justificam as expectativas. No exercício anterior, o segmento de carroceria sobre chassi consolidou sua recuperação registrando crescimento de 16,28%, com destaque para o segmento de carrocerias graneleiros e carga seca, baú alumínio e frigorífico e betoneira. No ano foram comercializados 70.604 produtos ante 60.719 em igual período de 2023. Já o segmento de reboques e semirreboques registrou recuo pequeno de 1,91%, destaques para os segmentos porta container, baú carga geral de alumínio e lonado, tanques de aço carbono e ainda o baú frigorífico.

Indústria de base e infraestrutura

“O grande destaque de 2024 foi o recorde histórico obtido nos investimentos em infraestrutura no Brasil, com maior protagonismo do investimento privado. Foram investidos cerca de R$ 260 bilhões nos setores de transporte/logística, energia, telecomunicações e saneamento básico. O recorde anterior era de 2014, com investimentos de R$ 240,0 bilhões”, comemora Roberto Figueiredo Guimarães, diretor de Economia e Planejamento da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), ao fazer o balanço de 2024.

Guimarães ressalta que esses resultados atenderam as previsões da Abdib, que, “através do seu Livro Azul da Infraestrutura, analisa de forma retrospectiva e prospectiva os investimentos em infraestrutura no Brasil. Assim, considerando os projetos já em andamento e aqueles que estão sendo licitados nos quatro cantos do País, a ABDIB já havia estimado este crescimento.” Aproveita e declara o apoio da entidade à NIB, que, após anos, “trouxe uma política industrial para o País, incluindo recursos para inovação. A Abdib também apoiou a política pública de financiamento à inovação com taxas de juros diferenciadas.”

Positivas também são as perspectivas para a infraestrutura em 2025. Os motivos manifestados por Guimarães reportam-se “aos investimentos já contratados em decorrência dos leilões de concessões realizados nos últimos anos e em função dos leilões que já estão ocorrendo neste ano.”

No caso da Infraestrutura e das Indústrias de Base, que padeceram com a recessão de 2015/2016, a demanda está elevada em decorrência da enxurrada de leilões de projetos de concessão e PPP (Parcerias Público-Privadas), tem havido gargalos na contratação de mão de obra em diversos níveis.

Outro gargalo igualmente relevante é a escassez de recursos públicos a serem direcionados à infraestrutura, seja pela contratação direta, seja através de concessões e PPP. “Isto limita a capacidade de crescimento, principalmente dos setores de transporte/logística e saneamento básico”, reporta Guimarães.

Recuperação nas vendas sobre 2023 foi registrada pela Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema) e a previsão para 2025 é de crescimento próximo a 3%, mantendo o nível de vendas de 2024. Entre os pontos que Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema, destaca estão as obras do PAC e a evolução dos Parcerias Público-Privadas (PPP), modalidade que vem levando a iniciativa privada a investir “R$ 70 bilhões por ano, valor aproximadamente dez vezes superior ao orçamento do então Ministério da Infraestrutura”.

Outro aspecto positivo para o setor representado pela Sobratema elencado por Daniel se relaciona ao potencial do mercado de locação de máquinas, que responde por um percentual importante em relação às vendas de algumas categorias de máquinas, como plataformas áreas (90% a 95%) e betoneiras (70% a 75%). Soma a esse item a queda, registrada em 2024, “no percentual de frota parada para 11% em 2024 – em 2023 era de 19% e em 2017, de 57% – o que reitera a crescente confiabilidade das construtoras pela locação de máquinas.”

O vice-presidente da Sobratema ressalta que a compra de equipamentos “é motivada por três fatores: demanda direcionada, renovação de frota e oportunidades de negócios. Esse último é promovido pelo banco dos fabricantes, pelos dealers e pela própria indústria, e vem contribuindo bastante nesse sentido.”

Nesse contexto, as perspectivas para o mercado de equipamentos são positivas até 2026, de acordo com o Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção, sendo que para 57% das construtoras, locadoras, empresas de serviços e dealers entrevistados o setor continuará crescendo em 2025, e esse percentual é ainda maior para 2026, chegando a 66%. E mais: 64% dos empresários respondentes da pesquisa estão otimistas para o setor da construção em 2025.

Em 2024, houve crescimento de 9% nas vendas totais de máquinas para construção em comparação a 2023, alcançando 58,2 mil unidades comercializadas neste ano contra 53,5 mil unidades no ano anterior. Na linha amarela, a alta estimada é 14%, alcançado 36,6 mil unidades vendidas neste ano contra quase 32,3 mil unidades comercializadas em 2023.

Os setores mais relevantes para o mercado de máquinas neste ano são a locação, construção pesada e agronegócio. Em termos de vendas, os dois segmentos com maior market share – construção (42%) e a locação (23%) – somam 65%. “Desde 2021, esses dois setores assumiram o protagonismo, respondendo por 63% da comercialização de máquinas. Mas ainda há espaço para crescer”, afirmou Daniel.

Papel e celulose

O setor de celulose, papel e papelão tem diante de si um ano de desafios e oportunidades. “O sucesso em 2025 dependerá da capacidade de as empresas se anteciparem a mudanças, ajustarem estratégias e tomarem decisões baseadas em dados. Os múltiplos indicadores mostram um cenário complexo e desafiador”, antecipa Flavio H. Mine, coordenador da Comissão de Transformação Digital da Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP).

Na busca contínua pela sustentabilidade, o setor tem avançado significativamente na implementação da economia circular em toda a cadeia de valor. Com investimentos em P&D e inovação tecnológica, tem desenvolvido produtos de celulose com maior valor agregado, reduzindo a dependência do plástico e de derivados do petróleo. Além disso, diversas iniciativas têm sido adotadas para mitigar os impactos das mudanças climáticas.

Nesse contexto – enfatiza o coordenador da ABTCP –, “será essencial contar com máquinas e equipamentos capazes de viabilizar a produção em larga escala de novos produtos e processos. Nos próximos anos, a modernização tecnológica será fundamental para que o setor amplie sua contribuição na redução das mudanças climáticas e na construção de um mundo mais sustentável.”
Resumindo o ano de 2024, Mine frisa que o período “foi marcado por desafios e oportunidades para a indústria de papel e celulose, que demonstrou resiliência, impulsionada pela crescente demanda por embalagens sustentáveis, papel tissue e soluções inovadoras à base de fibras renováveis. A valorização da bioeconomia e a busca por alternativas ao plástico também contribuíram para a expansão dos produtos celulósicos. Além disso, a celulose se manteve como um dos principais produtos de exportação do Brasil, especialmente para grandes mercados como China, União Europeia e Estados Unidos. A expedição de papelão ondulado bateu recorde, com 4.240.138 toneladas, alta de 4,9% em relação a 2023 segundo boletim estatístico mensal da Empapel.”
Novos investimentos também impulsionaram o crescimento da indústria, e o setor mantém “robusta carteira de investimentos que ultrapassa R$ 105,4 bilhões até 2028, contemplando a construção de novas fábricas, o desenvolvimento de novos produtos, inovação em P&D e projetos socioambientais. Além disso, o setor tem intensificado seus esforços em temas estratégicos, como Mudanças Climáticas, ESG e Economia Circular, consolidando seu papel na transição para uma economia mais sustentável”, detalha Mine.

E mais: o setor atingiu a marca de 10 milhões de hectares de florestas plantadas, colhidas e replantadas, com as áreas de florestas nativas preservadas dentro das propriedades do setor tendo somado 6,91 milhões de hectares. Esses dados, na visão de Mine, reforçam o compromisso do setor com a fabricação de bioprodutos sustentáveis e evidenciam sua relevância ambiental.
Quando o tema são árvores cultivadas, as informações são fornecidas pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) que, conforme seu presidente Paulo Hartung, em 2024, registrou resultados “muito positivos, e podemos constatar isso pelo avanço das exportações do setor de árvores cultivadas. Segundo dados da balança comercial brasileira, exportamos US$ 15,7 bilhões em 2024, um aumento de 24% em relação ao ano anterior. Foi o melhor resultado da história do setor. Somos hoje o maior exportador de celulose do planeta e o segundo maior produtor.”

Citando investimentos do setor de papel e celulose – inauguração da fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo (MS), o Projeto Cerrado, maior planta de linha única do mundo, resultado de um investimento de R$ 23 bilhões, o início das obras de terraplenagem da Arauco em Inocência (MS), e a busca de licenciamento de obra da CMPC no Barra do Ribeiro (RS) – assim como a expansão da nova fronteiro do setor em Mato Grosso do Sul, Hartung define as perspectivas para 2025 como ótimas, apesar “das incertezas geopolíticas, as perspectivas são de crescimento”.

O presidente da Ibá cita plano de investimento de R$ 105 bilhões para os próximos três anos e frisa: “O Brasil tem potencial para se destacar na agenda climática, e o setor de árvores cultivadas é referência em bioeconomia em larga escala, isso nos coloca em uma posição privilegiada diante das novas demandas de países europeus, por exemplo. Há mais de 20 anos o setor buscou rígidas certificações internacionais, de forma a ter desde então a rastreabilidade de sua cadeia produtiva, podendo comprovar a origem responsável de toda madeira que abastece suas fábricas.”

Climatização e refrigeração

O setor de refrigeração, ar-condicionado, ventilação e aquecimento, em 2024, como relata Arnaldo Basile – presidente-executivo da Abrava, entidade que representa o setor – computou “fortes aumentos de faturamento em praticamente todos os segmentos em resposta à combinação de crescimento econômico, especialmente a renda das famílias, vendas do comércio aquecidas e ondas de calor.”

Paralelamente, o índice de confiança da atividade fechou 2024 positivo, com 56,4%, otimismo este “mais relacionado à situação das empresas que com a Economia Brasileira”, resume Basile. E os números comprovam: em 2024, o setor faturou R$ 45,43 bilhões e a previsão para 2025 é de atingir os R$ 54,46 bilhões.

O mercado tem muito a se desenvolver, em especial o setor de split residencial e de aparelhos comerciais. Exemplificando, Basile estima que apenas 2% das residências brasileiras têm aparelhos de ar-condicionado, enquanto em outros países esse percentual é de até 80%.

Limpeza profissional

O setor representado pela Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp) encerrou positivamente o ano de 2024, marcado por iniciativas que impulsionaram a capacitação de profissionais, fortaleceram a governança e promoveram a sustentabilidade.

Os segmentos hospitalar, de alimentos e bebidas (food service) e de shopping centers foram os grandes destaques em 2024. Fábio Prado – diretor da Câmara de Máquinas da Abralimp – credita esse protagonismo, “em grande parte, à alta exigência por padrões rigorosos de limpeza e desinfecção nesses setores, seja por regulamentações ou pela expectativa dos consumidores. Outro segmento que apresentou crescimento relevante foi o de gestão de facilities, especialmente com a ampliação do uso de máquinas e de soluções automatizadas.”

Para esse setor, as perspectivas para 2025 são bastante otimistas. Os motivos compreendem o crescimento da conscientização sobre a importância da limpeza profissional para a saúde pública e o meio ambiente; os temas relacionados à Agenda ESG e à adoção de práticas responsáveis.

“Planejamos intensificar o apoio à capacitação de profissionais por meio da UniAbralimp e fortalecer parcerias estratégicas com diferentes segmentos”, prenuncia Prado, garantindo que “o setor de máquinas e equipamentos tem desempenhado um papel fundamental na elevação da produtividade e eficiência das operações de limpeza profissional. Soluções como lavadoras de alta pressão, varredeiras e robôs de limpeza possibilitam a otimização do tempo de trabalho, a redução de custos operacionais e a melhoria da qualidade dos serviços prestados.“