Consultor especialista em inovação e indústria 4.0 e diretor da Zorfatec, o engenheiro Paulo Roberto dos Santos por constantemente deparar-se com executivos e empresários desapontados, por não encontrarem viabilidade em suas iniciativas de projetos para Indústria 4.0, buscou uma forma de colaborar para que os industriais brasileiros consigam implementar essas tecnologias e investir em inovação.
Indústria 4.0 – define o consultor – “trata de um novo paradigma industrial, para o qual necessitamos ajustar nossa forma de pensar, e treinar nossas equipes para que tenham uma visão mais ampla das implicações de cada decisão”.
A resposta para o questionamento sobre como viabilizar projetos para Indústria 4.0, Santos encontrou no TCO – sigla para Total Cost of Ownership, em inglês, ou em português Custo Total de Propriedade –, mais especificamente em um artigo, elaborado por duas pesquisadores da Universidade de Zilina, na Slovakia¹, que traz uma boa explicação sobre o tema”, declara, convicto de que, “se a análise dos custos totais envolvidos na aquisição, uso, manutenção e descarte de um equipamento for realizada apropriadamente, será mais fácil a justificativa do investimento em tecnologias de automação e da indústria 4.0”.
Com base em suas pesquisas, Santos detalha os passos do TCO, como ferramenta de seleção de equipamentos para a Indústria 4.0, uma vez que a metodologia tem o objetivo de apoiar a gestão estratégica de custos.
Fórmula do custo total de propriedade
TCO = I + O + M + D + P – R é a fórmula utilizada na busca de custos ocultos de compra de um produto, que são muito individuais e variáveis, e leva em consideração o impacto das decisões de compra nos custos da organização.
I – Initial Cost ou, custo inicial – é o número que aparece na etiqueta de preço, que corresponde a menos de 10% do TCO.
O – Operation ou, operação – é o custo para instalar o equipamento, testar o equipamento, treinar funcionários para operar o equipamento e o custo da energia para operar o equipamento. Se o equipamento for complicado de usar, o custo do treinamento aumentará.
M – Maintenance ou, manutenção – inclui o custo de reparos regulares, como limpeza, inspeção, lubrificação e ajuste do equipamento para garantir que esteja em perfeitas condições. Isso também inclui a manutenção reativa quando o equipamento quebra inesperadamente.
D – Downtime ou, tempo de inatividade – envolve os custos de mão de obra de funcionários cujo trabalho está atrasado, custos de mão de obra indireta de supervisores que tratam do problema, perda de produção e perda de clientes por incapacidade de atender às expectativas de tempo. Embora você possa incluir o tempo de inatividade junto com o custo de manutenção, geralmente é tão grande que justifica sua própria categoria.
P – Production ou, produção – dois equipamentos diferentes provavelmente terão níveis diferentes de saída, produzirão qualidades diferentes e terão implicações ambientais diferentes.
R – Remaining Value ou, valor remanescente – tem a ver com a longevidade do equipamento.
Frente a esse detalhamento da fórmula, o consultor aponta dois pontos que podem ser decisivos devido ao impacto que provocam nas indústrias: eficiência energética ou uso racional da energia, especialmente do ar comprimido, e o custo decorrente das paradas não programadas, por falha dos sistemas pneumáticos.
“Quando analisamos as perdas em um sistema pneumático, desde a geração até o ponto de consumo, podemos ter melhor noção da importância de utilizar equipamentos que sejam mais confiáveis em relação aos vazamentos e vida útil”, preconiza, ao ressaltar que os componentes pneumáticos devem ter sua confiabilidade assegurada para evitar amplificar a ineficiência do sistema.
Alerta, ainda, sobre as consequências do uso de equipamentos sem especificação clara da confiabilidade, afirmando: “Nesses casos, não conseguimos determinar com a devida precisão o tempo entre falhas ou, ainda, determinar um plano de manutenção adequado, porque literalmente estamos trabalhando no risco. Por esse motivo é crucial buscar fornecedores que possam apresentar, por exemplo, o indicador de vida útil esperada, B10d, referenciado na ISO 19973 – Pneumatic Fluid Power – Avaliação da confiabilidade dos componentes através de testes”.
- Barbusova, Miroslava & Medvecká, Iveta & Gašo, Martin. (2019). Use of TCO Analysis in Industry 4.0. 10.24132/PI.2019.08948.010-017