Tecnologia de ponta está disponível, mas faltam linhas de crédito que viabilizem investimento

No universo da ABIMAQ, as empresas associadas são reunidas em Câmaras Setoriais e Grupos de Trabalho relacionados com as atividades desempenhadas e os mercados atendidos. Quanto o tema é armazenagem agrícola, sobressaem-se a Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos (CSEAG) e o Grupo de Trabalho de Estruturas Metálicas (GT-EM).

A escassez de armazéns para guardar a safra de grãos brasileira – e também para outros produtos da agropecuária – é um problema crítico, generalizado e crônico. Como lembra Paulo Bertolini – presidente da CSEAG –, considerando armazéns nas propriedades rurais, nas cooperativas, e instalações públicas e privadas, inclusive em portos – o déficit é de cerca de 100 milhões de toneladas, ou seja, só há espaço para armazenar uma parte da safra de grãos que, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), nesta ano-safra deve ficar ao redor de 269,3 milhões de toneladas, conforme aponta o 7º Levantamento da Safra 2021-2022 divulgado em 7 de abril, em que pese a queda na produção, reflexo da forte estiagem verificada, sobretudo, nos Estados da Região Sul do País e no centro-sul de Mato Grosso do Sul.

Bertolini recorda que o quadro atual tem como causa principal a ausência de crédito, que é agravada pela falta de cultura de armazenagem na fazenda. Comenta, também, que “os recursos do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) são insuficientes e se esgotam rapidamente. Neste ano-safra, o governo chegou a autorizar os bancos a utilizarem os recursos próprios do depósito à vista e investirem nos mesmos padrões do PCA, mas essas instituição não se interessaram, pois suas taxas aplicadas no mercado são praticamente o dobro e os prazos de financiamento bem mais curtos”.

Os valores destinados ao PCA são disponibilizados a partir de 1º de julho, quando tem início o Plano Safra. No ano-safra atual, segundo informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o valor destinado à construção de armazéns foi de cerca de R$ 4,12 bilhões, um acréscimo de 84%, sendo que para armazéns com capacidade de até 6 mil toneladas nas propriedades, a taxa de juros é de 5,5%; enquanto para os de maior capacidade a taxa é de 7% ao ano, com carência de três anos e prazo máximo de 12 anos.

Prazos longos de financiamento – justifica o presidente da CSEAG – são necessários “devido aos projetos serem de longa maturação, cerca de 10 anos”. Bertolini ressalta que “a armazenagem é fundamental para reduzir perdas, inclusive dentro da porteira, aumentar a oferta de alimentos e garantir a segurança alimentar”.

Dando sua contribuição, as empresas de equipamentos para armazenagem de grãos ocupam duas quadras na AGRISHOW 2022, expondo tecnologias relacionadas ao processo pós-colheita: “O produto é colhido com umidade e sujeira, é selecionado e tem a qualidade monitorada. A evolução diz respeito aos equipamentos utilizados no processo de beneficiamento de grãos e no armazém, que também depende das características de cada cultura”, detalha Bertolini.

O trabalho dessas empresas, durante a AGRISHOW, também é de conscientização dos produtores rurais, principalmente os de portes médio e pequeno, sobre a importância de terem um armazém próprio, a exemplo do que acontece nos Estados Unidos, que têm 55% da capacidade estática de armazenagem distribuída nas fazendas e computam volume até para estoque de passagem. No Brasil, somente 16% da capacidade total de armazenagem está nas propriedades.

“O desenho desse setor poderia se inspirar no modelo de armazenagem de países como Estados Unidos e Canadá”, salienta Bertolini, reforçando o papel educativo da CSEAG e das fabricantes de soluções para armazéns de grãos.

Estruturas metálicas – Modulares e de layout flexível, permitindo montagem e desmontagem, assim como transferência física de local, sem deixar resíduos de qualquer tipo, o setor de armazéns lonados participa ativamente no segmento de fertilizantes, e a ideia é expandir para outras divisões do agronegócio, uma área de grande importância para a economia”, reconhece Eduardo Gianini – coordenador do GT-EM.

A participação das empresas dessa atividade na AGRISHOW 2022 tem como meta “apresentar soluções de armazenagem modular, incluindo todos os acessórios que agregam valor ao galpão, tais como iluminação, ventilação, portas, janelas, com possibilidade de aumentar ou diminuir o galpão de acordo com a necessidade e a demanda de cada cliente”, resume o coordenador do GT-EM, confiante de que a troca de informações, conhecimento e networking durante os cinco dias da feira trará excelentes resultados para as empresas que estão expondo e para o público que irá visitar”.