Tecnologia em ação no dia a dia da agropecuária e na mesa da população mundial

Agropecuária é tecnologia e inovação permanentes e cada vez mais precisas, quase milimétricas. Falar em agro é falar em máquinas, equipamentos, implementos, sementes, fertilizantes, nutrição animal e vegetal, aviões, satélites, armazenagem, logística e pessoas, pois sem elas os benefícios não serão obtidos e os resultados não serão percebidos. É, também, reportar-se a alimentação, sustentabilidade, segurança alimentar e tantos outros temas correlatos.

A agricultura é digital e de precisão e tem na automação e na convergência seus pontos fortes, combinando computadores, sensores, satélites, inteligência artificial, algoritmos, GPS, robótica e plantas resultantes da bioengenharia, tudo permeado por fatores incertos e variáveis, como o clima.

Para os especialistas, a agricultura digital se relaciona diretamente com a coleta, o monitoramento e a interpretação de dados — que podem, inclusive, ser utilizados para o manuseio mais eficiente das ferramentas de agricultura de precisão. Em contrapartida, a chamada agricultura de precisão busca por maior eficiência agrícola, ela consiste na utilização de recursos que permitem ações customizadas, ou seja, em vez de atuar em todo o campo de forma única, cada área da produção é tratada de acordo com sua necessidade específica.

Pesquisa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que mais de 60% do crescimento agrícola brasileiro nos últimos deriva da adoção de tecnologia.

E é nesse sentido que as indústrias do setor encaminham suas pesquisas e inovações, e são soluções de agropecuária digital e de precisão que dominarão os estandes na Agrishow 2023. Pedro Estevão B. de Oliveira – presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), da ABIMAQ e diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) – garante que os destaques serão “máquinas para agricultura digital, com variadas tecnologias da informação e comunicação embarcadas, a exemplo de sensores, big data, 5G, internet das coisas (IoT) e inteligência artificial”.

Sinaliza, contudo, que “a adoção de tecnologia é maior nos grandes e médios produtores e menor nos pequenos agricultores e mais expressiva em culturas como soja, milho e algodão, que se situam na vanguarda no quesito acesso a essas tecnologias. Avaliamos que estamos no nível 3 de adoção, temos ainda um grande caminho para estas tecnologias estarem amplamente em uso. Há um grande desafio de conectividade, na educação e na capacitação de todos os envolvidos com a gestão e a operação das propriedades”.

Ou seja, o maior acesso à tecnologia está ligado aos grandes e médios, mas “os pequenos vêm gradativamente se municiando de informações para melhorar a eficiência”, declara César Cabrera, gerente Regional das filiais Ribeirão Preto e Araçatuba (SP), da Toledo do Brasil.

Outro elemento entra nesse processo: a capacitação, desde o proprietário ou gestor que devem conhecer e decidir adotar essas tecnologias, passando pelos agrônomos, técnicos agrícolas e operadores, e se agrega à necessidade permanente de atualização e educação, pois a tecnologia muda rapidamente.

“As máquinas modernas exigem conhecimento de tecnologia de informação bastante apurado e atraem mão de obra jovem, mais conectada com estas mudanças”, entende o presidente da CSMIA, afinal “a operação em si é bastante lúdica com muitas opções em displays, usos de joystick, lembrando muito vídeo games, bem a gosto desta nova geração”.

Na agropecuária, o futuro pertence à tecnologia, à precisão e ao digital. “Teremos máquinas cada vez mais inteligentes com capacidade de captar dados da operação, do meio ambiente e junto com os bancos de dados decidir autonomamente a melhor operação naquelas condições”, confia Pedro Estevão, animado pelo fato de que “estamos também caminhando rapidamente para máquinas totalmente autônomas, sem operadores; banco de dados cada vez maiores e mais detalhados das lavouras, servindo como insumo para softwares de análises agronômicas, financeiras e de operações que ajudarão o agricultor na tomada de decisões seguras e cada vez mais assertivas e preventivas”.

A possibilidade de fazer operações como plantio, adubação e pulverização considerando a variação do terreno traz benefícios de produtividade, precisão nas operações e uso racional de insumos. Como consequência há ganhos, agronômicos, financeiros e para o meio ambiente. E os benefícios desaguam no prato da população mundial, com alimentos de qualidade, seguros, sustentáveis.

Adequação

A indústria de máquinas agrícolas tem grande interesse em expandir o uso das tecnologias a todos os produtores. Para isto, vem adaptando as máquinas tecnológicas que estão nas grandes propriedades ao pequeno e médio produtor. O benefício seria mútuo, ganha o agricultor que poderia ter uma melhor produtividade e melhor gestão de suas operações; e a indústria. com venda de produtos com maior valor agregado.

Outra prática de algumas marcas, ao longo dos anos, é estenderem a tecnologia aplicada em máquinas de alta e média potência para as menores. Exemplo é a CNH Industrial que apresenta na Agrishow soluções de telemetria para a família de tratores de baixa potência, pensando especialmente nos pequenos e médios produtores, anuncia João Reis, especialista em Marketing de Produto.

Uma característica importante dessas soluções – na visão dos fabricantes – é que a implantação pode ser modular e deve começar pela experimentação em pequena escala, para entender, conhecer e se adaptar. Nessa experienciação, como deve ser feito com tudo que é novo, é interessante também testar tecnologias diversas.

Essa modularidade, por exemplo, pode ser via aquisição de uma plantadeira com novas tecnologias e, paulatinamente, comprar outros produtos tecnológicos que abarquem as outras operações como, por exemplo, pulverização, adubação e colheita. E pode ser modular no sentido de fazer alguns talhões e, à medida que tiver expertise e segurança, expandir as áreas.

Nesse mundo agro conectado e tecnológico “a educação é a principal ferramenta, não se usa o que não se conhece e para usar precisa de capacitação. A conectividade também precisa avançar no campo e finalmente precisamos de crédito a juros compatíveis com a atividade que estimulem e fomentem a adoção”, reivindica o presidente da CSMIA.

Agilidade na migração das tecnologias para os médios e pequenos produtores, como alternativa para que todos cresçam e se tornem mais competitivos é cobrada por Emanuel Demetre Skyvalakis – gerente de Vendas da Fundimazza, uma empresa de microfusão ou de fundição de precisão. Seu entendimento é que a evolução seja estimulada por cooperativas ou consultorias.

Listada entre as principais fabricantes globais de fabricante de redutores industriais, motoredutores e motores elétricos, conversores de frequência e equipamentos para a indústria 4.0, a SEW-Eurodrive Brasil busca manter a diversidade dos mercados atendidos. Hoje, entre seus maiores faturamento está o setor agropecuário, ao lado da bioenergia, mineração, indústrias metalúrgicas, automotivo etc.

Para o maior evento do agronegócio brasileiro a SEW-Eurodrive Brasil preparou dois destaques que lhe valeram investimentos de R$ 10 milhões: “Uma linha completa de redutores especialmente desenhados para o acionamento de vagões forrageiros e uma linha de motorredutores para os pivôs de irrigação”, comemora Hiram Freitas Andreazza, diretor Industrial da empresa

Compacta e com engenharia e fabricação 100% nacionais, disponibilizando aos clientes prazos de entrega reduzidos e serviço com a qualidade, a linha de redutores para vagão forrageiro visa manter em dia a operação de alimentação dos rebanhos. Já os motoredutores para o acionamento das rodas dos pivôs de irrigação são um complemento ao acionamento para o pivô central que já era fornecido pela SEW.

Agricultura de precisão

“A agricultura de precisão começa com a precisão na agricultura”. Essa é a definição da Marchesan S.A., informa Ricardo Barbosa, gerente de Marketing e Produtos da empresa, e é sinônima das boas práticas agropecuárias e da realização de uma operação agrícola eficaz e eficiente, independentemente de eletrônica embarcada. Desse modo, os ganhos oportunizados pela agricultura de precisão serão imediatamente sentidos na diminuição dos insumos utilizados e no aumento da produtividade.

Na opinião desse executivo, o acesso a tecnologias de ponta por parte do agropecuarista independe do “porte dos produtores e das culturas, pois o nível de tecnologia utilizado é diretamente proporcional ao rendimento que essa tecnologia apresenta de ganho real ao sistema produtivo, além da capacidade de investimento do agricultor nessas tecnologias, que precisam se tornar cada vez mais acessíveis, tanto em custo quanto em facilidade de uso”.

A agricultura de precisão, para o gerente Regional da Toledo do Brasil, traz ganhos efetivos, “desde a lavoura, melhorando a eficiência no manejo de culturas e na utilização de insumos; à utilização de balanças com gerenciamento, automação das pesagens, controles de acesso, integração de dados, isso, levando a segurança e rapidez nas pesagens”.

Por outro lado, a evolução das tecnologias pode acontecer via investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação ou ainda pela aquisição de empresas com atividades complementares.

Essa segunda opção foi adotada pelo grupo da CNH Industrial – como afirmado por seu presidente para a América Latina, Rafael Miotto – para “manter um esforço contínuo pela liderança em inovação, tecnologia e digitalização. Nossas últimas aquisições mostram como estamos atuando nessa trajetória. Pouco tempo depois de adquirirmos a Raven Industries, que abre novos caminhos na agricultura digital, tecnologia de precisão e sistemas autônomos, adquirimos a Augmenta, referência em robótica e robotização; a Bennamann, fornecedora de serviço completo de produção, armazenamento e distribuição de energia; e por último, a Hemisphere, uma das líderes globais de sistema de geolocalização via satélite”.

Miotto complementa: “Elas trazem um importante diferencial competitivo para atuarmos de forma completa em tecnologia de precisão. Isso demonstra a nossa estratégia, nossa visão de futuro e aonde queremos chegar. Nosso objetivo é liderar e levar inteligência para o campo e para o canteiro de obras”.

No caso da AGCO, o objetivo da agricultura de precisão não é apenas aumentar o rendimento, mas também produzir com sustentabilidade e fazer uso eficiente dos insumos. Um exemplo é que a empresa usa a tecnologia para evitar que os defensivos agrícolas sejam aplicados de maneira excessiva, trazendo economia para o produtor e consequentemente reduzindo o impacto ambiental. Para isso, a empresa embarcou tecnologia nos últimos pulverizadores lançados que torna mais precisa a agitação proporcional do tanque de calda.

As soluções de irrigação, independentemente da modalidade, têm muita tecnologia incorporada. Como explica Cristiano Trevizam, diretor de Vendas & Marketing para América Latina da Lindsay, “o agricultor irrigante é o que mais se preocupa com o meio-ambiente e acaba sendo penalizado pelo desconhecimento da sociedade sobre a atividade. Toda a atividade é fiscalizada devido à necessidade de outorga de água, contando com medidor de vazão, mesmo quando utilizada a água de chuva armazenada”.

Nesse momento, a irrigação está sendo impulsionada pelo preço das commodities, pela falta de chuvas, pelo câmbio favorável e pelo elevado, preço da terra, cada vez mais escassa. Esses sistemas trabalham com precisão e de forma colaborativa com outros sistemas. No caso do sistema de gerenciamento remoto, por exemplo, são fornecidas informações objetivas de irrigação ao produtor e ainda mostra se os pivôs estão operando como o programado, auxiliando-o nas tomadas de decisões. Com o FieldNET Advisor a ideia é aplicar realmente o necessário, permitindo que as plantas se desenvolvam sem entrar em estresse hídrico. “Tudo isso tudo, com foco em reduzir os custos e os deslocamentos ao campo para gerenciar os pivôs”, acrescenta o diretor de Vendas.

A irrigação vem ganhando importância devido a alterações no regime das chuvas e porque reduz o consumo tanto de água quanto de energia elétrica, ampliando a eficiência do sistema, pois um insumo é raro e o outro é caro. Pela própria finalidade, o sistema de irrigação incorpora diversas tecnologias, incluindo mapa de aspersão, monitoramento climático, sensor de chuva, estação meteorológica, entre outros, além de ser totalmente automático.

Inteligência na prática

“Estamos vivendo um grande processo de transformação da agricultura no Brasil e no mundo. Na Jacto, presenciamos mais atenção a tecnologias preditivas contra pragas e doenças das plantas, e cuidados com o solo, além de tecnologias e conectividade para uma gestão de negócios baseada em dados”, reconhece Cristiano Okada Pontelli, gerente de Negócios Jacto.

Soluções com inteligência artificial que estão se popularizando são lembradas por Pontelli, a exemplo das armadilhas eletrônicas que tiram fotos dos insetos e através da inteligência artificial é feita a identificação e a contagem dos insetos, com o resultado podendo ser acessado pelo agricultor pelo celular, de onde ele estiver.

A inteligência artificial já está presente em diversos setores do agronegócio após “uma forte onda do uso da automação no agronegócio e na agricultura de precisão, que possibilitou construir uma base de máquinas com tecnologias que usam ferramentas de data analytics, machine learning e a própria inteligência artificial para trazer insights que melhoram ainda mais suas performances”, relata João Reis, especialista em Marketing de Produto da CNH Industrial, ao citar a existência de estações meteorológicas com dados climáticos e algoritmos trabalhando em tempo real, sensoriamentos remotos de solo e planta, robôs que identificam pragas e doenças, até mesmo a automatização de silos de armazenagem.

“Em nossas marcas, temos sistemas embarcados nas máquinas que usam uma série de sensores instalados para entender o ambiente em que estão inseridos, o que está colhendo e o que acontece dentro da máquina para se autoajustar”, enumera Reis. Desse modo, “o sistema assume o papel de um operador experiente e com conhecimento profundo do equipamento, seus ruídos e regulagens, incorporando o uso de algoritmos”.

Para ele, quanto mais resultados em produtividade, custos e lucro, mais produtores aderem às soluções tecnológicas. Por isso, “ainda há um grande caminho pela frente para que a inteligência artificial se torne uma realidade de fato para a grande maioria. Numa escala de 0 a 10, podemos considerar a inteligência artificial como uma possibilidade em pelo menos 50% das operações agrícolas”.

Skyvalakis introduz dois novos aspectos para reflexão. Um deles compreende a cultura do produtor “mais antigo, que ainda não tem o conhecimento ou não acredita por, na visão dele, ter um resultado satisfatório ou adequado ao que ele almeja, não sentindo a necessidade de investir em tecnologia. Já para aqueles que querem e se interessam o ponto é acesso mais rápido e fácil, custo total, equipamento, software, treinamento e pessoal especializado para operacionalizar”.

Para aumentar a eficiência tecnológica e a produtividade de toda a operação para seus clientes, a John Deere utiliza a integração das diferentes plataformas de telemetria para que os dados coletados sejam combinados e analisados de forma mais completa e precisa, criando uma visão ampla do desempenho da operação e permitindo uma melhor tomada de decisão. De acordo com Rodrigo Bender, especialista em Marketing Tático da John Deere, essa providência “ajuda os operadores a detectarem problemas e anomalias com mais agilidade, bem como identificar padrões e tendências que possam levar a uma maior produtividade”.

Definindo-se como um conjunto de marcas – Massey Ferguson, Valtra Fendt – a AGCO disponibiliza equipamentos com diversos níveis de soluções e tecnologia para atender os diversos segmentos, sejam aqueles que demandam por alta tecnologia ou por máquinas menos especificadas, mas sempre buscando entregar uma solução descomplicada, de fácil utilização, com alto valor agregado ao cliente e menor custo operacional.

Por exemplo, para essa empresa, a produtividade começa com uma excelente tecnologia de plantio, mas que precisa atender regiões com topografias e manejos diferentes, o que gera demandas diferentes em equipamentos. Foi assim que nasceu uma plantadeira voltada para soja e milho em terras baixas.

A Toledo do Brasil, tendo a inteligência artificial como uma realidade que se difunde rapidamente do grande ao pequeno pecuarista, possui soluções que vão ao encontro dessa realidade, tais como balanças para gerenciamento de rebanho que permitem através de softwares integrados melhora na produtividade com segurança e rastreabilidade, facilitando o controle de peso dos animais na cria, recria, engorda e comercialização, relaciona Cabrera.

A caminho do campo

“Estamos em um período importante de mudança cultural no campo. Os agricultores estão valorizando máquinas mais eficientes, capazes de entregar mais com menos com inteligência e tecnologia. O momento é de busca por inovações para que a agricultura funcione de forma ainda mais produtiva e sustentável. Importantes recursos da agricultura 4.0 têm ajudado produtores na otimização de processos e na mensuração de variáveis que auxiliam na tomada de decisões como o uso da telemetria”. Esse quadro desenhado por Bender sinaliza barreiras que são superadas gradativamente, “usando a tecnologia ao favor vamos superando-as com o objetivo final de rentabilizar e deixar ainda mais sustentável as operações agrícolas de nossos clientes”.

Buscando promover, desde a fabricação, a integração de seus produtos ao sistema de conectividade da preferência de seu cliente, a John Deere – confirma Bender – oferece “caminhos para o pequeno e médio produtor acessar as tecnologias, e desenvolver soluções adaptadas as suas necessidades. Deste modo, é de suma importância destacar que muitas tecnologias oferecidas pela John Deere são totalmente acessíveis a qualquer produtor rural de modo totalmente gratuito. Além da conectividade das máquinas, hoje os novos modens já vêm com o chip de celular inserido, ou seja, o custo com esses dados é por conta da John Deere.

Para outras tecnologias, essa fabricante disponibiliza condições especiais de financiamento, inclusive para peças e serviços para manutenção de equipamentos. “Disponibilizamos, ainda, treinamento e capacitação para clientes e suporte em todas as nossas 366 concessionárias. Além disso, temos produtos voltados a atender produções menores, mas robustas, econômicas e versáteis”, informa especialista em Marketing Tático da John Deere.

Na via inversa está a Yanmar, conhecida por seus tratores para pequenas áreas e conta com um trator de 47 cv que sai de fábrica com sistema de gerenciamento remoto e cerca eletrônica. Fernando Figueiredo, gerente Comercial Agrícola dessa empresa, ressalta que no caso de máquinas pequenas é difícil diluir no preço final do equipamento a tecnologia embarcada, pois, “dependendo do nível de sofisticação, inviabiliza o projeto”.

Falando sobre máquinas específicas para culturas como arroz, soja milho, sorgo, trigo, Figueiredo cita um lançamento, a mini-colheitadeira de grãos que colhe em pequenos espaços. Mais do que conquistar faixa de produtores por porte de propriedade, a Yanmar prefere conquistar aplicações específicas, como o arroz, que começa a ser uma cultura mecanizada. Em outras palavras: “adequamos a tecnologia de aplicação à cultura e não a cultura à máquina, afinal, quanto melhor a mecanização e a adaptação aos espaços existentes, mais rápida será a adequação da máquina à cultura.

A tendência de crescimento é sem dúvida exponencial – acredita o gerente de Vendas da Fundimazza –, afeta todos os segmentos e vai além do que é percebido: “A tecnologia que muitas vezes vemos somente a parte digital, software, mas na concepção dos equipamentos e máquinas existe desenvolvimento de novos métodos na aplicação dos equipamentos, nas pesquisas de defensivos, fertilizantes, entre outros”.

Além disso, “toda a cadeia agro está cada vez mais dependente da tecnologia, e o progresso tecnológico está diretamente relacionado a pesquisa e desenvolvimento. A agricultura é importante para o Brasil e para a Toledo do Brasil, e nos aperfeiçoamos constantemente para fornecer produtos e serviços que estão alinhados as necessidades deste público”, frisa Cabrera.

No caso da Briskcom todas as ações convergem para a realização de monitoramento climático, sensoriamento de ativos, comunicação com maquinário, manutenções preventivas, controle de rebanho, veículos autônomos, controle de acesso.

“São infinitas as possibilidades disponibilizadas pelo nosso sistema LTE, que oferece uma rede de conectividade exclusiva da fazenda”, relata Rafael Paz, diretor de Inovação da Briskcom, frisando que “várias dessas aplicações estão inclusive sendo validadas no Projeto Campo Conectado, programa da PUC RJ em parceria com o BNDES, que transforma fazendas em todo o Brasil em verdadeiros laboratórios de transformação digital e que temos orgulho de sermos parceiros técnicos.”

Desenvolvendo e fabricando eixos auto-esterçantes, esterçantes comandados, semieixos, eixos fixos e suspensões dos mais diversos tamanhos, geometrias e capacidades de carga, a ADR Brasil fornece equipamentos para diversas aplicações rodoviárias e agrícolas, desde o pequeno fabricante de implementos aos grandes integradores de tecnologia de rodagem. De acordo com Fernando Ribeiro, diretor-geral da ADR Brasil, a tecnologia pode ser escalonada, é universalizada e atende aos padrões das máquinas em que estão instalados, sem dispositivos outros, e se aplica a qualquer marca de tratores pequenos ou grandes.

Universalização

A conectividade é talvez o principal gargalo para a popularização dessas tecnologias de precisão, digitais e mesmo de inteligência artificial. Mas há dificuldades mais fáceis de serem equacionadas, que dependem apenas das empresas que fabricam máquinas, equipamentos e implementos para a agropecuária, assim como sistemas de gestão e de monitoramento diversos. Trata-se da possibilidade de interligação de equipamentos de diferentes fabricantes, uma vez que muitas marcas ainda falam uma língua própria.

Embora as marcas tenham características próprias, os métodos para coletar dados ou informações, drones, sensores, medições e sistemas operacionais estão consensuais, mas “até que existam sistemas integrados de gestão, como em outras áreas, este é um mercado em expansão e inicial, tem muito o que crescer e cresce rapidamente”, confia Emanuel Demetre Skyvalakis – gerente de Vendas da Fundimazza, uma empresa de microfusão ou de fundição de precisão.

Pedro Estevão, concordando que “a integração total ainda não existe” não entende essa característica necessariamente como um gargalo. Atualmente há várias empresas que integram os dados via hardware nas máquinas”, equacionando essa pendência.

A estrada da tecnologia é a conectividade total entre equipamentos agrícolas, tratores, caminhões de transporte e escritório da fazenda, deixando o produtor rural com a informação em tempo real na palma da sua mão. Isso fica mais fortalecido com a integração entre os equipamentos, máquinas e implementos de fabricantes diversos, que, para Barbosa está cada vez mais equalizada, uma vez que “quase todos os fabricantes de equipamentos eletrônicos aderiram ao protocolo Isobus, que nem sempre é utilizado pelo fabricante devido ao alto custo, tanto dos controladores embarcados nos implementos quanto dos terminais embarcados nos tratores.

Dando sua contribuição, a Marchesan tem oferecido soluções que tenham suas próprias telas a um custo competitivo para serem utilizadas em tratores de baixa e média potência não possuem um terminal Isobus. Além disso, “em nossos equipamentos a tecnologia é modular, podendo ser ampliada com o passar do tempo, atendendo diversas configurações de máquinas de forma bem flexível”. Além do Isobus, em suas soluções de Agricultura de Precisão Tatu (APT), a Marchesan também adota soluções proprietárias para conseguir atender as necessidades do mercado, em todos os portes de propriedades e todos os níveis de tecnologia.

A expertise em conectar operações localizadas nos ambientes mais isolados do Brasil estimula a Briskcom a levar seus serviços até o mundo da agropecuária. O estímulo, na voz de Calonge, vem da “modernização do agronegócio, que é mais do que bem-vinda e necessária, porém ela precisa ser suportada por uma conectividade confiável e segura, do contrário o seu processo será desacreditado, tanto pelos gestores quanto pelos investidores. A nossa expertise nos dá a segurança de oferecer uma operação estável, continua e prática para o agronegócio”.

Oferecendo amplo portfólio para o agronegócio, a Briskcom – como informa Rafael Paz – tem muito a contribuir para a solução de um problema recorrente: a falta de conexão no campo. Entre os trabalhos disponibilizados estão comunicação de dados via constelação satélital GEO e IoT via constelação satelital LEO (baixa orbita); comunicação de dados e sensoriamento IoT (irrigação, estação climática, medição hidrológica); comunicação de dados em banda larga LTE/4G; segurança da informação em monitoramento e suporte.

Outras empresas também trabalham com protocolos ou plataformas que favorecem a integração de marcas. Entre os exemplos está a SEW-Eurodrive Brasil. Andreazza declara que os produtos “foram concebidos para utilização nos mais diversos tipos de máquinas, segmentos e soluções. Os produtos da SEW podem ser incorporados à máquina do cliente com muita facilidade. Caso seja necessária alguma adaptação, dispomos de uma equipe de engenheiros altamente treinados para selecionar ou fazer adaptações necessárias em nossos produtos, permitindo assim alta flexibilidade e customização”.

A John Deere – como explica seu especialista em Marketing Tático – tem algumas informações dentro do protocolo J1939 ISO, que já são universalizadas. Documentações agronômicas de outras máquinas são lidas pela plataforma de gerenciamento de fazenda on-line da marca. Estamos caminhando para cada vez mais ter a integração entre máquinas de outras marcas, mas ainda temos um caminho a ser percorrido.

A AGCO, por sua vez, afirma que “grande parte da tecnologia oferecida pela marca de tecnologia da empresa que desenvolve soluções tecnológicas embarcadas e pós-venda, são universais, ou seja, podem ser embarcadas em máquinas de outras marcas”.

Além disso, essas soluções AGCO ajudam a fornecer conectividade para toda uma frota de equipamentos, de modo a permitir e acelerar a agricultura de precisão; especificamente, otimizando a eficiência do uso de nutrientes e controle de pragas, bem como gerenciando a compactação do solo e a otimização da máquina para impactar favoravelmente os rendimentos e o meio ambiente.