Guindastes, empilhadeira, transpaleteira e manipuladores: perfil de operação determina a classe ideal
Além de pontes rolantes, pórticos, carros de transferência, monovias, talhas manuais ou elétricas, braço giratório, guindautos, gruas, esteiras transportadoras e atuadores lineares, o setor de movimentação e elevação de cargas é usuário de guindastes, empilhadeiras, transpaleteiras e manipulares telescópicos, máquinas voltadas especificamente à atividade.
Em um ambiente caracterizado por edificações, aparelhos de infraestrutura, pontes, passarelas, monotrilhos cada vez mais pesados e que precisam ser colocados mais altos e a distâncias cada vez maiores para que se possam superar os desafios de engenharia atuais, a versatilidade dos guindastes tornou esses equipamentos indispensáveis em qualquer obra de engenharia.
Esse mercado também é dinâmico e vem usufruindo da bem-sucedida locação de equipamentos. No caso específico das empilhadeiras, segundo o presidente da CSMAM o mercado brasileiro é composto por “um mix aproximado de 65% de venda ao usuário final e os outros 35% na modalidade de locação, sendo este último um modelo de negócio em ascensão principalmente para empresas e operadores logísticos que buscam contratos de curto a médio prazo de utilização dos produtos (em média de 3 a 36 meses) e, por isso, a compra de um ativo nestas condições acaba não sendo algo atrativo e viável, diferentemente de empresas que demandarão o produto por um longo período (acima de 36 meses) e, neste caso, o investimento já passa a ser algo factível”.
Guindastes – Como é usual no setor industrial, para manterem-se no mercado e levar aos clientes soluções mais eficientes e seguras, essas indústrias investem e aprimoram seus produtos continuamente, preparando-os para atender as normas e as características geográficas e ambientais do mercado brasileiro.
A variedade de equipamentos é significativa. Há guindastes articulados (munk), rodoviários, sobre esteira, aranha, alguns vocacionados a aplicações específicas, como para os segmentos florestal e sucateiro.
No caso específico dos guindastes articulados, operações de movimentação de carga, como a entrega de materiais pesados em um andar alto de um prédio ou a entrega de tijolos em um canteiro de obras, são realizadas com “mais segurança e ergonomia, minimizando os acidentes e preservando a saúde dos operadores através de sistemas de controle de sobrecarga e de estabilidade. A maior eficiência operacional e a redução de riscos de acidentes traduzem-se diretamente em uma relação de custo-benefício satisfatória para os usuários”, resume o executivo de Produtos Guindastes da Palfinger Latam.
No caso da Liebherr, a linha de produtos de movimentação de cargas – guindastes móveis sobre esteiras e pneus, de 30 a 3.000 toneladas; guindastes de torre (de montagem rápida, com giro em cima, com lança basculante ou móveis de torre); e guindastes marítimos que operam em portos, plataformas offshore ou navios – conta com tecnologia embarcada capaz de garantir uma operação muito precisa e segura, informa o gerente Divisional de Guindastes Móveis sobre Esteiras e Pneus dessa empresa.
Esses predicados alinhados por Porto se transmutam em inexistência de “riscos ergonômicos para os trabalhadores e redução significativa dos riscos operacionais, pois toda movimentação e elevação de carga são acompanhadas em tempo real, com dados e informações precisas sobre as capacidades dos equipamentos, para, assim, cumprir a finalidade a que se destinam: garantir principalmente: segurança, capacidade de carga, precisão e produtividade”.
A evolução desses equipamentos levou ao desenvolvimento de variados acessórios, que permitem diversas configurações, assim como ao desenvolvimento de guindastes com controle inteligente, que torna a “movimentação mais fácil em espaços pequenos, suaviza os movimentos da operação, possui sistema de giro infinito e um sistema que aumenta e diminui a capacidade de carga automaticamente dentro da faixa máxima de alcance hidráulico”, resume Menegolla.
Empilhadeiras – Usualmente definidas como os principais equipamentos para movimentação de cargas, as empilhadeiras existem em diferentes classes condizentes com diferentes perfis de operação para movimentação e armazenagem de cargas, a depender do tipo de armazém, alturas de elevação, peso da carga entre outras variáveis.
Atenção aos cuidados informados no manual de operação dos equipamentos, como a realização de inspeção diária antes do início da operação para verificar todas as funções da máquina, testar o deslocamento dos garfos, elevação do mastro, verificar no painel (display) se há algum aviso, verificar pneus, freios e luzes do equipamento, entre outros itens, assim como garantir que as inspeções periódicas sejam realizadas conforme cronograma levando em consideração tempo e horas de utilização do equipamento são ações imprescindíveis à operação desses equipamentos, da mesma forma que a severidade da operação e a qualificação de operadores para a tarefa.
Nesse ponto relacionado diretamente ao operador, Anderson Gonçalves, consultor especialista de Suporte a Vendas da Toyota Material Handling Mercosur, alerta que a prova é documental, ou seja, o funcionário apresenta comprovantes de cursos de operação, de NR, entre outros documentos aplicados a cada categoria, afinal, a seleção da classe das máquinas está estritamente vinculada à aplicação.
As características operacionais e estruturais do cliente e a aplicação são indicadores importantes na seleção para os equipamentos garantirem que a movimentação ocorra de forma segura e ergonômica, evitando danos materiais e qualquer outro tipo de incidente, mantendo alta produtividade. Conhecer o ambiente de operação e o corredor operacional (distância entre as cargas em um corredor), saber se a movimentação é horizontal ou vertical, detectar rampas presentes na operação, altura de elevação e peso e alturas máximas das cargas necessárias são fatores que devem ser analisados.
A esses quesitos, Gonçalves soma “verificar a quantidade de turnos da operação e como os operadores se comportam com os equipamentos durante a rotina de trabalho. De modo geral, cada operação possui características únicas que devem ser analisadas por um especialista para que possa direcionar a melhor opção para garantir a eficiência dessa operação com base em todas as suas variáveis”.
Alexandre Vaccari, gerente de Treinamento da Manitou para Latam, enumera entre os preceitos importantes para garantir o mínimo de segurança, a exemplo de sinalização e isolamento da área de trabalho para evitar a entrada de pessoas não autorizadas; implementação de uma cultura de segurança na empresa, conscientizando os colaboradores sobre a importância da segurança e incentivando a participação na identificação e resolução de problemas de segurança; e monitoramento e avaliação contínua dos sistemas de segurança implementados, identificando áreas de melhoria e tomando as medidas corretivas.
A tecnologia utilizada nesses equipamentos, no caso da Toyota, destaca-se pelo desenvolvimento de soluções dedicadas e específicas. Por exemplo, um sistema ativo de estabilidade, em equipamentos contrabalançados, promove um controle ativo da estabilidade evitando tombamentos da empilhadeira. No caso de equipamentos retráteis, um outro sistema elimina o impacto na carga durante as trocas de fase do mastro; e um terceiro oferece uma série de benefícios para transpaleteiras com plataforma.
A evolução tecnológica é preocupação constante das fabricantes e, com relação aos operadores, vai além da ergonomia. Funções atribuídas às máquinas pela inserção de tecnologias, auxiliam o operador tornando a operação mais segura e produtiva. Um exemplo citado pelo consultor da Toyota é o sistema que realiza “o nivelamento automático dos garfos, e, quando com carga em altura, restringe ângulo de inclinação frontal e velocidade de inclinação traseira evitando projeção de carga aumentam segurança e produtividade da operação”.
Outro aspecto destacado é a verticalização das cargas em níveis cada vez mais altos para otimização de espaço, que se combina à questão da diminuição dos corredores operacionais para aumentar a densidade de armazenamento. Nestes casos, existem equipamentos retráteis, com elevação de 13 metros, e equipamentos trilaterais, que atendem alturas ainda mais altas (até 16,8 metros) e corredores operacionais mais estreitos.
Fabricante de manipuladores telescópicos, equipamentos que, segundo Paulo Eduardo Silva – gerente de Grandes Contas da Manitou – são produtos com “tamanhos bem reduzidos, que fazem movimentação e içamento de carga, permitindo redução dos custos da operação e principalmente tempo de realização da operação com total segurança. Além disso, o manipulador oferece a possibilidade de troca de acessórios se tornando um equipamento 4 em 1, ou seja, empilhadeira, manipulador, guindaste, plataforma.
Os equipamentos da Manitou, garante Paulo Silva – com exceção das empilhadeiras industriais –, “possuem sistema de telemetria, que permite ao usuário o acompanhamento de todos os detalhes da máquina, geolocalização, seja via satélite ou GPS e em muitos casos com um relatório do equipamento, diagnósticos etc. A utilização da telemetria traz um benefício extra: em geral a garantia é de 1 ano ou 2.000 horas, o que ocorrer primeiro, e caso a telemetria seja ativada, a garantia total passa a ser de 2 anos ou 2.000 horas”.
A crescente preocupação com o aspecto ambiental promove aumento na procura por equipamentos elétricos, principalmente após a possibilidade de uso de baterias de íons de lítio. Como esclarece Gonçalves, “empilhadeiras e equipamentos de movimentação movidos a bateria são realidade no mercado há alguns anos, seja com baterias de chumbo-ácido ou com íons de lítio. Esses equipamentos oferecem as mesmas capacidades que equipamentos tradicionais a combustão e, para alguns modelos, são ainda mais eficientes, por conta de promoverem melhor aproveitamento de espaço. O resultado é que cada vez mais a eletrificação da frota de empilhadeiras se torna realidade no mercado internacional de movimentação”.
O consultor especialista de Suporte às Vendas da Toyota ressalta o fato de que “hoje temos a tecnologia sendo aplicada para seguir a normalização em alguns pontos do equipamento”. Um exemplo é o sensor de presença do operador que corta as funções do equipamento caso operador não esteja corretamente na posição de operação. Além disso é possível programar alguns parâmetros nos equipamentos para limitar funções a depender da velocidade ou de quem está operando.
No caso das empilhadeiras Toyota, Gonçalves conta que, em alguns modelos, “uma senha de 4 dígitos torna possível programar até 100 acessos diferentes e 10 perfis de operação, que define como cada senha/operador pode usar o equipamento. Assim, por exemplo, é possível limitar velocidade para operadores em treinamento ou recém-chegados”.
Operação mais intuitiva também é favorecida pela evolução da tecnologia, integrando tecnologias diversas. A Toyota desenvolveu navegadores especialmente para os equipamentos trilaterais e as selecionadoras de pedido de nível alto, em que existe a comunicação entre equipamento e WMS (Warehouse Management System). Além das localizações do WMS, este sistema possui zoneamento e posicionamento para que o equipamento reconheça restrições, como diferentes alturas máximas permitidas dentro do corredor operacional.
A solução – assegura Gonçalves – gera benefícios “de produtividade e segurança diretamente relacionados ao sistema, uma vez que, além de receber a posição necessária, auxilia o operador com o melhor percurso dentro do corredor operacional e respeita as restrições de altura em caso de obstáculos. Temos também como exemplo, em equipamentos de seleção de pedidos de nível baixo, uma solução que leva o equipamento pelo corredor operacional conforme o comando do operador, sem a necessidade de estar embarcado com sistemas para garantir a segurança operacional”.
O futuro e a cultura empresarial: dicotomia
A evolução dos sistemas de automação contribui com a operação dessas soluções. Entretando, mesmo com sistemas automatizados, que passam por cuidados essenciais de inspeção regular, manutenção dos equipamentos e treinamento dos operadores para utilizarem os equipamentos de forma segura e eficiente, há um ponto indispensável, destacado por Oseir Garcia – gerente Sênior de Marketing e Gestão de Produtos, Latam, Liderança de Marketing da Columbus McKinnon do Brasil – inclui o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), “segundo as instruções do fabricante, que constam no manual, assim como seguir as normas regulamentadoras e a sinalização adequada”.
De acordo com Eidt, “os equipamentos mais modernos e dentro das normas possuem ainda uma série de itens de segurança, como proteção contra sobrecargas, fins de curso para troles e pontes rolantes e/ou pórticos rolantes. Além disso, para pórticos, há sensores que evitam colisões com transeuntes ou com cargas sobre o piso”.
No campo da automação, a principal tendência é a integração da tecnologia Wireless para programar, diagnosticar ou até mesmo operar os equipamentos a partir de um telefone ou tablet. O setor caminha para a aplicação de robótica e da Inteligência Artificial, assim como de outras tecnologias habilitadoras à indústria 4.0, no setor de movimentação e/ou elevação de cargas.
Mesmo com os clientes cientes dos benefícios em segurança aos operadores, restringindo as ações arriscadas, dando-lhes a capacidade de fazer mais tarefas em menos tempo, a cultura empresarial é fator de resistência e torna a adoção dessas tecnologias um grande desafio, até por conta dos investimentos necessários.
No âmbito da indústria 4.0, o diretor da Ciriex Abus destaca aplicações para pontes rolantes que favorecem o “gerenciamento de toda a parte funcional do equipamento na palma da mão, através de um tablet, smartphone ou notebook. O software instalado nestes aparelhos permite analisar as condições do equipamento, inclusive do cabo de aço da talha, sem precisar parar a fábrica e alugar uma plataforma elevatória. Permitem, ainda, agendar as manutenções com antecedência, otimizando o tempo”.
No momento, aliado ao aumento da segurança da operação e da vida útil e confiabilidade do equipamento, além de integração com a indústria 4.0, a redução do consumo de energia está entre as prioridades para esses equipamentos. Inversores de frequência, motores de baixo consumo, rádios controles, sistemas anticolisão, sistemas de monitoramento, PLC, etc., contribuem para que os equipamentos de movimentação e elevação de carga venham computando ganhos significativos de eficiência energética, precisão para movimentação de cargas, confiabilidade do equipamento, monitoramento e utilização de tecnologias de segurança para a operação e para o operador.
Aplicação de robótica e Inteligência Artificial, assim como de outras tecnologias habilitadoras à indústria 4.0, no setor de movimentação e/ou elevação de cargas, no entendimento do diretor da Ciriex Abus, tem peculiaridades relativas ao porte das empresas. “As empresas internacionais têm um corpo técnico capacitado e voltado para a inovação dos seus produtos. Para as empresas de pequeno porte investirem há dificuldade neste quesito, pois, além do corpo técnico especializado, de custo elevado, é necessário amplo conhecimento das novidades disponíveis e atualização constante”.
O caminho citado por Eidt – que, inclusive, vem sendo adotado por empresas de menor porte – compreende “a cooperação com empresas de expressão internacional, detentoras de alta tecnologia e capacidade de investimento em inovação. A indústria 4.0 tem muito a ver com informação sobre as condições sempre atualizadas dos equipamentos, períodos de manutenções periódicas, informação sobre os itens a serem verificados, sempre no que concerne à segurança e à disponibilidade dos equipamentos de forma plena. Isso tudo, sem interromper a operação e prejudicar o andamento da manufatura, uma vez que as paradas podem ser programadas para períodos de baixa atividade e reduzir substancialmente os riscos de quebra ou perda de produção”.
A previsão do gerente de Vendas de Guindastes e Equipamentos de elevação na XCMG no Brasil para um futuro próximo é de ocorrer o mesmo que como acontece com os drones. Em outras palavras, “os equipamentos de elevação devem estar linkados na rede Wi-FI ou 5G e só operarem se estiverem dentro dos limites e normas estabelecidos dentro da região ou Pais em que estão sendo utilizados”.