Guerra na Ucrânia deve elevar os preços de sucata ferrosa no Brasil

As exportações de sucata ferrosa, insumo usado na composição de aço pelas usinas siderúrgicas, somaram 31.191 toneladas em fevereiro, queda de 18% em relação às vendas externas de janeiro (38.203 toneladas), mas alta de 32% em comparação com os números de fevereiro de 21, quando atingiram 23.636 toneladas.

No acumulado de janeiro e fevereiro, as exportações chegaram a 70.395 toneladas neste ano, ante 42.637 toneladas nos primeiros dois meses de 2021, um aumento de 65%, conforme dados divulgados pelo Ministério da Economia, Secex.

Segundo o presidente do Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa), Clineu Alvarenga, o conflito na Ucrânia já está afetando os preços da sucata metálica no mercado internacional. “Nos primeiros quinze dias de março, os preços no Brasil se mantiveram estáveis, mas o viés é de alta até o final do mês e em abril”, afirma.

Alvarenga lembra que a paralisação de uma das maiores usinas de aço da Ucrânia em função da guerra, a Kryvyi Rih, controlada pela ArcelorMittal, está tendo reflexos em todo o setor, com alta forte de matérias-primas como minério de ferro, ferro gusa e sucata.

A siderúrgica ucraniana produz mais de 6 milhões de toneladas de aço bruto por ano, 5 milhões de toneladas de produtos laminados e 5,5 milhões de toneladas de metal quente. A empresa também possui minas de minério de ferro com produção de cerca de 24,5 milhões de toneladas por ano.

Conforme fontes consultadas pela S&P Global Platts, agência americana especializada em fornecer preços-referência e benchmarks para os mercados de commodities, “os recicladores e compradores do mercado brasileiro de sucata ferrosa registraram estabilidade de preços na primeira quinzena de março”. Essas fontes temem, porém, que o cenário pode mudar, em função dos desdobramentos na invasão da Ucrânia pela Rússia.