Exoesqueleto é aposta para melhorar a ergonomia e saúde no setor industrial

Grande aliada da produção industrial, a tecnologia também tem se tornado primordial quando se trata de segurança e saúde do trabalhador. Uma tendência nas grandes indústrias que vem chamando a atenção é o exoesqueleto. O equipamento é uma espécie de armadura que “veste” o trabalhador e que permite a realização de tarefas pesadas com menos esforço. 

O equipamento tem sido empregado em fábricas de grande porte, como nos setores automobilístico e frigorífico, para melhorar o desempenho em algumas funções mais danosas para a saúde. Em Curitiba, uma empresa multinacional está testando a novidade por meio do aluguel de dois exoesqueletos. Trata-se da Exy Innovation, uma healthtech que tem como objetivo reduzir os afastamentos de trabalhadores no chão de fábrica ou em operação logística, desenvolver-se e fabricar exoesqueletos industriais: equipamentos vestíveis, mecânicos, sem a necessidade de baterias e eletricidade, que reduzem o esforço do usuário em até 30%.

“A ergonomia no trabalho é o que garante o bem-estar do operador. A empresa sempre quer seus funcionários motivados. Para isso acontecer, são feitas alterações nos equipamentos/bancadas, ou onde isso não é possível, o exoesqueleto é uma solução muito interessante”, comenta o projetista de produtos, Igor Rother Heidemann.

Função

Esses equipamentos entram na indústria para realizar atividades repetitivas ou perigosas, garantindo menos riscos para a saúde do trabalhador. Ao dar sustentação ao corpo, o exoesqueleto evita sobrecarga, reduz o esforço muscular e diminui a fadiga no final da jornada de trabalho. 

Alfredo Marczynski, CEO da Exy Industrial, healthtech brasileira que desenvolve e produz exoesqueletos, explica que entre as funções do equipamento estão a reabilitação, redução da fadiga e potencialização da força humana. O resultado são menos lesões e aumento da produtividade, assim como redução no número de afastamentos provocados por acidentes de trabalho. 

“Apesar de estarem em um momento delicado, aumentou muito a preocupação das indústrias com a saúde dos funcionários. O exoesqueleto tem como objetivo diminuir o risco das atividades, levando a um retorno de médio e longo prazo”, destaca. 

A Exy possui hoje mais de 30 clientes no Brasil, Chile e Argentina. Empresas dos segmentos metal mecânica e automotiva são as principais atendidas atualmente pela startup, mas, segundo Marczynski, há potencial para os setores de agronegócio, têxtil, aviação, e até médicos cirurgiões e dentistas.

Horizonte

O emprego dessa tecnologia, vista como aposta certeira quando se fala em ergonomia, ainda está dando seus primeiros passos nas fábricas brasileiras. Mas ao que tudo indica, o cenário já está mudando. A Exy Industrial registrou um crescimento de 350% no último ano, e já comercializou o produto em 13 estados, além de Argentina e Chile. 

Os exoesqueletos fabricados pela startup funcionam sem a necessidade de baterias e eletricidade, e reduzem o esforço do usuário em até 30%, diminuindo o risco de lesão por esforço repetitivo (LER). Entre os diferenciais da Exy está a possibilidade de locação do equipamento para as indústrias.

Segundo o CEO da Exy, o equipamento auxilia os colaboradores a executarem suas atividades de uma maneira muito mais suave, gerando reduções de até 4,2 quilos por braço, no modelo para membros superiores ou de até 25 quilos no equipamento para proteção da lombar (aplicações logísticas, por exemplo). “Os ergonomistas são capazes de aferir a redução do risco por meio de ferramentas de ergonomia, ou até mesmo de aplicar testes com eletromiógrafo (aparelho que monitora o quanto o músculo é exigido nas atividades), que é uma maneira mais científica”, pontua Marczynski. Para ajudar nas implementações, além de todo o apoio da Exy, há a disponibilidade do modelo de locação, com valores que podem chegar a até R $474 por equipamento/mês.

Oportunidade

Heidemann conta que, na empresa de origem alemã onde ele atua, o exoesqueleto se mostrou uma solução efetiva onde há algum risco ergonômico, sendo um dos dispositivos que irá garantir o bem-estar e a qualidade de vida do operador em casos específicos. Para ele, é importante a sinergia entre a tecnologia do exoesqueleto e outras soluções tecnológicas.  

“Juntamente com o equipamento, é interessante fazer o controle inteligente dos itens produzidos, recebidos e que estão passando pela fábrica. O Exoesqueleto é uma solução interessante e pode trabalhar em conjunto com a evolução para a indústria 4.0”, ressalta.