José Ricado Roriz Coelho, Presidente do Conselho da Abiplast e do Sindiplast
Somando 30 anos de trajetória na indústria de óleo e gás, petroquímica e embalagem, José Ricardo Roriz Coelho é presidente do Conselho da Abiplast – Associação Brasileira da Indústria do Plástico – e do Sindiplast – Sindicato da Indústria do Plástico. Sua carreira é marcada por posições de destaque na iniciativa privada e por participação associativa.
Entre as funções em indústrias, que incluem a participação como membro de conselhos de empresas de vários setores, destaque para a presidência da Suzano Petroquímica e da Nova Petroquímica, e, em entidades de classe, Roriz respondeu, como diretor titular, pelo Departamento de Competitividade, Tecnologia e Economia (Decomtec) da FIESP, assim como pela 2º vice-presidência e a presidência em exercício, em 2018.
Na abertura da Plástico Brasil, Roriz apresentou os números mais relevantes do setor e reforçou a importância do plástico na economia global e brasileira.
Confira e boa leitura!
Posição estratégica
O setor do plástico ocupa uma posição estratégica na indústria brasileira, sendo o quarto maior segmento industrial do País. E não é apenas no Brasil que ele se destaca. Este segmento da Industria é também um dos mais importantes nos países desenvolvidos e emergentes, a indústria do plástico é essencial no desenvolvimento econômico dos países.
No Brasil, o setor fatura mais de R$ 130 bilhões por ano e emprega diretamente cerca de 379 mil profissionais em mais de 14.200 empresas de transformação e reciclagem.
Além disso, entre os cinco maiores setores industriais, o plástico se destaca como o que oferece os melhores salários. Isso demonstra o impacto positivo que a nossa indústria tem sobre a geração de empregos de boa qualidade.
Agregação de valor
Mais do que gerar empregos e movimentar a economia, essa indústria agrega valor na cadeia produtiva. A cada unidade de matéria-prima utilizada, conseguimos multiplicar seu valor, em média, por dez vezes.
Esse poder de transformação é um diferencial do setor, que não apenas gera riqueza, mas também contribui para a modernização de outros segmentos industriais.
Presença marcante
A importância do plástico vai além de sua cadeia produtiva: ele impulsiona o crescimento de diversos outros setores e está presente em praticamente todas as áreas da economia. Posso aqui citar alguns exemplos.
No setor da construção civil, cada vez mais produtos plásticos são essenciais dentro das casas e em grandes obras. Desde tubulações e revestimentos até componentes estruturais, o plástico é fundamental para a modernização e eficiência das construções. Ele permite edificações mais leves, duráveis e sustentáveis, contribuindo para a redução de desperdícios e para uma construção mais ágil e econômica. E depois da casa pronta, ela é recheada com uma infinidade de produtos plásticos que levam conforto e praticidade.
No caso de alimentos e bebidas, o Brasil se tornou o maior exportador mundial de produtos industrializados, e isso só é possível porque esses alimentos são transportados em embalagens plásticas, garantindo a segurança e a qualidade dos produtos, além de os tornarem mais acessíveis para toda população.
Muito antes da embalagem
Mas a presença do plástico começa antes mesmo da embalagem: está nos fertilizantes, nos defensivos agrícolas, nos sistemas de irrigação, nas estufas, nas colheitadeiras, nos tratores, em silos, engradados e em diversos equipamentos que fazem parte da cadeia produtiva do agronegócio. Sem a participação do plástico, toda essa engrenagem de produção e distribuição de alimentos seria menos eficiente e muito mais custosa.
O mesmo ocorre na indústria automobilística. Os veículos modernos utilizam cada vez mais plástico para reduzir o peso e o consumo de combustível, além de aumentar a segurança dos motoristas e passageiros. Hoje, para-choques, painéis e diversos componentes são feitos de plástico por sua alta resistência e capacidade de absorver impactos.
Além disso, os avanços tecnológicos no setor possibilitam a criação de peças cada vez mais leves e resistentes, melhorando o desempenho dos veículos e reduzindo a emissão de gases poluentes.
E não podemos esquecer a importância do plástico no dia a dia das pessoas. No setor de saúde, por exemplo, ele foi fundamental durante a pandemia de Covid-19, sendo utilizado em seringas, embalagens de medicamentos e inúmeros outros produtos hospitalares.
O plástico garante ainda segurança e higiene em ambientes médicos, contribuindo para a preservação da saúde de milhões de pessoas ao redor do mundo. Além disso, ele está presente em luvas, máscaras, tubos de ensaio, catéteres, bolsas de soro e de sangue, próteses e diversos outros dispositivos médicos essenciais.
Plástico x PIB
A relevância do plástico é tamanha que existe uma correlação do polímero com o PIB de quase 95%, reforçando seu impacto econômico. Como costumo dizer: onde tem PIB tem plástico.
Isso significa que, ao fortalecermos essa indústria, estamos impulsionando a economia brasileira como um todo, gerando mais empregos e criando oportunidades para diversos setores produtivos.
Para que essa indústria continue crescendo e inovando, precisamos garantir sua competitividade. Precisamos produzir com qualidade e eficiência, oferecendo produtos acessíveis para os brasileiros e, ao mesmo tempo, fortalecer nossa capacidade de exportação.
Economia circular
Para isso, é essencial que as condições para a indústria de transformação no Brasil sejam equiparadas às de nossos concorrentes internacionais. Se não tivermos condições justas de competição, corremos o risco de perder espaço no mercado global e de comprometer a competitividade dos produtos brasileiros que dependem do plástico em sua produção. Fora o risco de que os que transformam plásticos em países mais competitivos que o nosso tirem os empregos deste setor e a nossa capacidade de crescer de forma rentável e com sustentabilidade.
A competitividade também passa pela reciclagem. A transformação do plástico virgem e a reciclagem com reaproveitamento de resíduos sólidos de produtos plásticos no nosso processo produtivo devem caminhar juntas. Se não investirmos na circularidade, comprometemos o futuro do setor e sua aceitação pela sociedade.
Precisamos reciclar cada vez mais, incentivar a coleta seletiva e trabalhar em conjunto com a sociedade para ampliar o reaproveitamento de materiais. Criar incentivos para a reciclagem é um caminho mais eficiente do que impor taxas e impostos sobre um setor que é essencial para a economia e para o dia a dia das pessoas.
Precisamos de políticas públicas que favoreçam a incorporação de conteúdo reciclado nos produtos e que estimulem a inovação e o desenvolvimento de soluções sustentáveis para o setor.
Inovação permanente
Sabemos ainda que a inovação é o motor dessa indústria. A cada ano, novos produtos surgem e transformam a forma como vivemos. Esse dinamismo mostra que o setor é altamente flexível e está preparado para atender às demandas de um mercado em constante evolução.
Da saúde à mobilidade, da construção civil ao agronegócio, do setor automotivo à indústria de embalagens e em quase todos os setores da economia o plástico está presente, impulsionando avanços e garantindo eficiência em toda a economia.
Recircula Brasil
Nesse sentido, a ABIPLAST desenvolveu, junto com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Recircula Brasil, a primeira plataforma brasileira a certificar efetivamente a circularidade dos materiais, respondendo às crescentes demandas por produtos sustentáveis tanto no mercado interno quanto no internacional.
A certificação de procedência e uso de materiais reciclados é essencial para acessar mercados de exportação e proporciona rastreabilidade e mapeamento da cadeia produtiva. Rastreabilidade e auditabilidade do produto reciclado do plástico será um grande vetor para direcionar investimentos e políticas públicas. Mais do que um diferencial competitivo, a circularidade dos materiais plásticos é um compromisso com um futuro mais eficiente, econômico e sustentável.
Plástico Brasil
O futuro da indústria está em nossas mãos! Não se trata apenas do futuro do setor, e sim do futuro do próprio desenvolvimento do Brasil. A indústria do plástico precisa continuar crescendo, inovando e se tornando cada vez mais competitiva, tanto no mercado interno quanto no cenário global.
A Feira Plástico Brasil reflete esse compromisso. Este evento não é apenas uma vitrine das inovações do setor, mas um espaço de construção de conhecimento, troca de experiências e fortalecimento de parcerias estratégicas.