Substituir o trabalho manual repetitivo e que muitas vezes é ergonomicamente inadequado ao ser humano, ou até perigoso, por um processo automatizado, que, mesmo com horas ininterruptas de trabalho, mantém padrões de qualidade e de estabilidade do processo produtivo e proporcionam ganhos de produtividade e competitividade para as empresas. Para Edouard Mekhalian – diretor Geral da Kuka Roboter – essa é a principal função da robótica industrial.
Nesse contexto, Mekhalian salienta que, enquanto nas ferramentas manuais a ergonomia tem papel de destaque, no caso da robótica esse lugar é ocupado pelo “design das ferramentas, que deve ser o mais eficiente possível e atender os requisitos dos processos produtivos”.
Analisando pelo ângulo da aplicação de robôs colaborativos, Laerte Scarpitta, líder da Comau para o Cluster Américas, agrega a ergonomia à segurança no compartilhamento do mesmo espaço de trabalho por robôs e operadores, realizando atividades complementares, com o cobot respondendo “pelas atividades com potencial risco aos colaboradores ou com níveis de precisão, força e repetibilidade que não são possíveis de se alcançar com o trabalho manual”, dispensando barreiras como grade, ou divisórias, “uma vez que a correta sensorização da estação vai garantir o atendimento aos requisitos de segurança”.
“A preocupação com a ergonomia de operadores levou a Comau a desenvolver um exoesqueleto, que pode ser usado tanto em ambientes internos, quanto externos, “promovendo o suporte muscular e postural em tarefas repetitivas enquanto acompanha e reproduz o movimento dos braços e ombros. Pesquisas mostram 30% de redução de fadiga muscular no nível dos ombros dos colaboradores que trabalham com o equipamento; 25% de redução percebida de esforço, ou seja, menos fadiga muscular; e aumento de 50% de melhoria na postura, com consequente alívio no suporte às costas, permitindo, maior precisão nos movimento, menor tempo de execução do trabalho e correção de postura”, informa Scarpitta.
A atuação da robótica, com os robôs colaborativos, lado a lado com os especialistas em ferramentas manuais, é focada nas atividades repetitivas, lembra Márcio Garcia – diretor de aplicações Robóticas da Yaskawa Motoman –, e cita como exemplo a colocação de parafusos: “O operador pode iniciar os processos de montagem das peças, e o robô poderá terminar, verificando e validando a atividade anterior além de realizar o torqueamento”.
A robótica confere velocidade, precisão e regularidade ao processo, além de contribuir para transferência de operadores para funções menos repetitivas e danosas à sua integridade física, reduzindo assim os custos operacionais, constata Marcos Silva – especialista de Produtos na SMC Cobots, Fieldbus e Vácuo, deixando um alerta: “É essencial que o setor de ferramentas robóticas se desenvolva na mesma velocidade que os robôs e seus periféricos têm evoluído”.
Impulsionada pela inovação tecnológica dos robôs colaborativos, a SMC desenvolveu garras pneumáticas e magnéticas com o sistema plug & play, que traz como principal característica a facilidade de integração: “Através de uma flange específica, permite a conexão elétrica e mecânica e, em conjunto com um arquivo virtual, facilita sua configuração no cobot. Otimizando o tempo e o custo de implementação essa combinação reduz a necessidade de horas de engenharia para realizar a integração entre os dois equipamentos”, argumenta Silva.
Lembrando que “a eletrônica está cada vez mais embarcada nos componentes, possibilitando o monitoramento constante dos processos e ajustando-os em caso de alguma necessidade especial”, Mairon Cezar Anthero, diretor Geral da Schunk, frisa que o monitoramento amplia a segurança dos processos e pode ser realizado em 100% do tempo de trabalho.
O avanço das garras plug & play é lembrado por Renan Rubim de Castro Souza, especialista de Produto Robótica, da Omron, explicando que esse tipo de ferramenta “possui a flange de montagem compatível com os robôs, facilitando a instalação mecânica destes componentes. Além disto, também possuem drives para instalação de componentes de programação nos robôs. Este tipo de solução assegura startup e comissionamento mais rápidos das aplicações de robótica de maneira geral”.
Segurança: evolução
A Yaskawa Motoman e as demais grandes fabricantes de sistemas, na visão de Garcia, “seguem todas as regras e normas, inclusive a NR12 que é um avanço para todos, destacando e normalizando muitos pontos importantes nesse segmento de máquinas. Naturalmente, na robótica não seria diferente. É importante que todas as normas sejam atendidas e sempre com a ART do engenheiro responsável”.
Garcia orienta as empresas que utilizam a robótica a verificarem cada detalhe referente à NR-12, assim como “à correta utilização dos robôs colaborativos com as ferramentas no seu punho e a correta velocidade durante o movimento, pois nem sempre a ferramenta poderá ficar em local aberto e nem sempre o cobot poderá trabalhar em baixa velocidade perdendo a produtividade”.