Operador utiliza smartphone para gerenciar máquinas

Senai dá sua contribuição na inserção de PME na Manufatura Avançada

A experiência na aplicação em pequenas e médias empresas de técnicas de manufatura enxuta (tradução da expressão inglesa lean manufactoring que envolve técnicas de gestão de produção desenvolvidas e consagradas no Japão, voltadas a reduzir desperdícios produtivos, de tempo, de movimentação) levou o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) a desenvolver programa de consultoria implementado com o apoio do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) em 3.000 indústrias.

Os resultados envolveram 52,7% de aumento médio na produtividade, mas houve casos de aumento superior a 200%. Na média, também foram registrados redução de movimentação de 59,8% e ganhos de qualidade de 61,9%, informa o gerente-executivo de Inovação e Tecnologia do Senai, Marcelo Prim, pensando nos ganhos estratosféricos que seriam obtidos com a expansão do projeto “às 400 mil empresas com potencial de receberem essa consultoria e terem ganhos expressivos de produtividade”.

Tudo teve início em 2014 com um piloto com 16 empresas, desenvolvido pelo Senai e liderado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Resultados mensurados, que se resumiam a ganho médio de 47% em produtividade, fomos ao Mdic e, com a criação do programa Brasil mais Produtivo (B+P), pudemos desenvolver esse projeto de consultoria nessas 3.000 empresas”, resume Prim. O trabalho foi executado em três meses, com subsidio do Mdic, e envolveu 120 horas de consultoria focadas na redução de sete tipos de desperdícios: superprodução, tempo de espera, transporte, excesso de processamento, inventário, movimento e defeitos.

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Digitalização básica

Preocupada em que as empresas não percam as conquistas obtidas com essa consultoria em lean manufactoring, a instituição deu um novo passo voltado à digitalização, batizado de Indústria mais Avançada. E os primeiros testes estão em andamento, após experimentação em duas empresas, em 2017: “Demos início, em janeiro deste ano, a mais 56 pilotos, sendo quatro pilotos no Rio de Janeiro e mais dois por Estado, com a meta de refinar o método desenvolvido. Essas empresas foram selecionadas entre as 3.000 atendidas pelo B+P”, informa Prim.

Este novo piloto, totalmente custeado pelo Senai, envolve a digitalização do chão de fábrica, mais especificamente das máquinas ou recursos produtivos mais críticos, que restringem o crescimento da produtividade. Como explica o gerente-executivo de Inovação e Tecnologia da instituição, foi desenvolvido um kit “com sensores de mercado de baixo custo e um emissor de sinais que funciona no 3G ou com internet Wi-Fi, que capta os sinais do sensor e joga para a nuvem via internet. Desse modo, é possível acompanhar em tempo real o que está acontecendo no chão de fábrica. As informações são enviadas pelos sensores, no ritmo de um heartbeat – como um batimento cardíaco, um pulsar – para a nuvem a cada 10 segundos, para leitura e interpretação imediata, emitindo alertas sobre produção real versus produção estimada, sobre paradas não-programadas etc.”

Acessando os dados em um tablet ou smartphone, o gestor da produção planeja as paradas de manutenção com assertividade, ampliando a produtividade. O sistema também armazena o que foi coletado pelos sensores e cria um histórico que permite emitir relatórios por equipamentos, com informações que subsidiam o gestor para melhorar o sistema produtivo, elaborar um plano de ação e de manutenção baseado em fatos e dados mapeados em tempo real.

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Plataforma

Em 15 de março, o Senai lançou plataforma para os empresários, online e gratuitamente, diagnosticarem o estágio tecnológico de suas empresas. A avaliação servirá de base para elaboração de um plano individualizado de inserção na Indústria 4.0. Ao teste de maturidade, estão agregados cursos e plano de evolução tecnológica.

Também é meta da instituição lançar, ainda neste ano, testbeds, ambientes para testes e demonstração de tecnologias da Indústria 4.0, como a desenvolvido pela ABIMAQ em parceria como SENAI-SP. A iniciativa tem parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).